segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O que pensa o paulista

Transcrevo uma manifestação publicada no Painel do Leitor deste domingo (29/11) no jornal Folha de S.Paulo.
É uma rápida avaliação do paulista, em sua maioria, sobre o governo que alardeia ‘trabalhar por você’:



Serra


"Segundo notícia publicada no dia 27/11, o governador José Serra (PSDB) viajou para o Estado do Ceará para realizar uma "palestra".


Como não há problemas graves no Estado de São Paulo e a população vive em paz e na mais completa segurança, acredito que o governador tenha encontrado espaço em sua agenda para discorrer aos cearenses sobre algumas matérias.


Entre elas podemos destacar: "Como promessa não é dívida". É perfeitamente possível abandonar a prefeitura de uma grande cidade após ser eleito, mesmo tendo assumido por escrito o compromisso de cumprir integralmente o seu mandato, sem que isso interfira no seu prestígio, ou produza algum ônus político para sua trajetória sonhada rumo ao Palácio do Planalto.


"Como acelerar obras em ano eleitoral." Mesmo ao custo da queda de algumas vigas do trecho sul do Rodoanel, afirmando que "tudo será devidamente apurado e os responsáveis penalizados".


E, para encerrar a brilhante exposição, o governador poderia demonstrar: "Como rezar e pedir a Deus o afastamento ou abrandamento das manifestações climáticas", no intuito de atenuar os efeitos sobre a população. Na volta, poderia aproveitar a ocasião e explicar ao povo de São Paulo como viajou, quantos foram em sua comitiva, o custo, e como será pago essa viagem. Já que o slogan dessa gestão é: "Governo de São Paulo, trabalhando por você"."


ROBERTO GONÇALVES SIQUEIRA (São Paulo, SP)


sábado, 28 de novembro de 2009

Mandioqueiro

As feiras-livres contam com a presença de alguns comerciantes ‘carimbados’, por destacarem-se dos demais que sempre gritam a mesma coisa: “Tá barato, tá barato, olha aí, vem escolher...”

Esse feirante que se diferencia chama-se Elias. Ou ‘Boi’, seu apelido na feira do Cambuci todas sextas-feiras.
Bem humorado, canta todo o tempo paródias de músicas populares, sempre mencionando o que se considera o ‘carro-chefe’ de sua barraca: mandioca.
Isso mesmo! Descascando, cortando, lavando e embalando os pedaços da raiz, não perde nunca o ritmo, mesmo quando se envereda em fazer graça com os feirantes próximos com aquelas frases que aprendemos na escola e repetíamos aos outros para provocar.
Alguns exemplos:
- No calor da cozinheira ela cozinha mandioca (?)...
- Bom dia freguesia, bom dia mulherada. Mandioca fresquinha, mandioca macia...
- Seu Antônio é meu amigo, seu Antônio é meu colega. Vou fazer com ele o que o cavalo faz com a é...
- Às vezes você me pergunta se a mandioca é boaaaaa... (parodiando Raul Seixas em Maluco Beleza)
- Gruda, gruda na cintura da mulher, é da mandioca boa que ela gosta, que ela quer... (parodiando a dupla sertaneja Rick & Renner em Moleca)
E assim toca a vida o nosso ‘mandioqueiro’!

No Youtube você confere os videos gravados dia 27.11.09 digitando http://tinyurl.com/y8mn2y3.
No Orkut você pode ver outras fotos no álbum ‘Mandioqueiro e feira-livre’ em meu perfil.
Acesse!
Bom final de semana.


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Destempero


O deputado federal e pré-candidato à presidência Ciro Gomes (PSB-SP), que outro dia chamou de “coiso” o governador de São Paulo e presidenciável José Serra (PSDB) disse ontem (25):
"Eu comemoro que ele tenha finalmente notado que eu existo. Pois eu, normalmente, só percebo a existência dele por meio do coisa, que não é ele, é um ectoplasma."
Já o ministro da Cultura Juca Ferreira, pressionado por uma repórter sobre a distribuição de um panfleto indicando o voto em uma lista de 250 deputados que apoiam os projetos do ministério, soltou essa:
“Meu pinto, meu coração, meu estômago e meu cérebro é [sic] uma linha só. Não sou um cara fragmentado, entendeu?”
Nos dois casos, declarações emocionais. É aí que mora o perigo. Pessoas públicas devem ter mais frieza ao se encontrarem cercados pela imprensa.
Outro caso recente de destempero foi do governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), sobre o ministro do meio ambiente, Carlos Minc:
"É veado e fuma maconha[...] Se ele viesse [a Mato Grosso do Sul], eu ia correr atrás dele e estuprá-lo em praça pública".
E o ministro:
"Muitas vezes, pessoas que não admitem seu homossexualismo tentam agredir os gays, algo que eles não aceitam dentro deles. Sou um defensor dos direitos dos homossexuais. O governador fique à vontade, ele pode sair do armário, pode ficar tranquilo".

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Sem pedágio

A repercussão na mídia foi pequena diante da notícia sobre a suspensão da cobrança de pedágio em nove praças instaladas nas rodovias da Marechal Rondon Leste.
A justiça de Conchas (SP) concedeu liminar atendendo pedido no Ministério Público.
A suspensão atinge uma estrada (SP 101) que divide Monte Mor pelo pedágio. Os moradores afirmam que têm que pagar para transitar dentro da cidade.
Por sua vez, a Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) se limitou a dizer que o pedágio é “o principal recurso para ampliar e modernizar a malha, o que inclui obras, serviços e manutenção”.
Toda liminar é efêmera, mas todo pedágio em São Paulo é eterno e caro. Muito caro.

Crime organizado


Em tramitação desde 2006 na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o projeto de lei sobre o crime organizado recebe os últimos retoques antes das votações em plenário.
Entre detalhes da investigação e punições previstas está a definição do que é crime organizado.
Faltou dizer que este tipo penal surgiu ontem e os parlamentares descobriram como é violento o modo de agir das quadrilhas.
Desorganizados somos nós.


Acidente e festa no metrô

Dois exemplos servem para refletir como a pressa eleitoral prejudica o serviço público e o interesse maior da população, cansada de promessas e discursos, mas sempre pagando a conta: um acidente no metrô paulistano e a festa de lançamento de uma obra da companhia.
O primeiro caso ocorreu terça-feira (24), estava sob sigilo e vazou para a imprensa. Um funcionário ficou ferido no choque de dois trens entre as estações Ana Rosa e Vila Mariana.
O outro, uma solenidade de construção de uma nova linha no Parque São Lucas, com banda de música e apresentação de video. Detalhe: a licitação não terminou.
Pagamos a festa e não tem metrô. Nem obra. Os trens acidentados foram levados para manutenção.
A nota do Metrô, ao estilo tucano, fala em ‘abalroamento’, envolveu vagões novos, com danos leves, bem como os ferimentos no funcionário.
Esta linha foi inaugurada em 1974 e nunca teve a frota renovada.
A correria em arrumar o salão para o baile de gala faz ruir o lustre e desabar vigas. O que mais?

Assalto no Mandaqui

Uma minúscula nota nos jornais informa a prisão de dois assaltantes que invadiram a residência de um juiz de direito no bairro do Mandaqui em São Paulo, agrediram a esposa a coronhadas e puxaram o gatilho do revólver contra a cabeça da vítima. A arma ‘picotou’, ou seja, falhou.
Estamos tão acostumados à violência que o caso só ganharia destaque se a arma tivesse disparado. Como sempre, seria uma questão de honra para a secretaria da segurança pública capturar os criminosos.
Como não houve disparo e os dois foram presos, não é ‘tão notícia assim’.
Só para lembrar: há poucos meses dois secretários estaduais foram vítimas de ladrões em suas residências.
Alguém esperava uma reação à altura das autoridades em Brasília, visando proteger o cidadão de bem?

Para inglês ver 3

Passageiros de ônibus intermunipais questionam a verdadeira função de funcionários da Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) nos principais terminais rodoviários.
Em duplas e usando coletes com a inscrição ‘agente operacional Artesp’ nas costas, entram nos coletivos com uma prancheta.
Andam por todo o corredor, olham o banheiro, o bagageiro e descem, sem dizer nada.
Veem por você. Tão e somente.


Para inglês ver 2

Um projeto do deputado estadual Jorge Caruso (PMDB), aprovado esta semana pela Assembléia paulista, proíbe a cobrança da taxa de assinatura nos serviços de telefonia.
A proposição, datada de 2002, havia sido vetada em 2006 pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O veto foi derrubado pelos deputados.
Não precisa ser bacharel em Direito para entender que a aprovação será derrubada, pois somente a União possui autonomia na área.
Outro projeto aprovado determina a instalação de centros comunitários nas prisões.
É o holofote de 2010, antecipado.


Para inglês ver 1

Notícia publicada hoje na Folha de S.Paulo revela que os 250 fiscais da Lei Antifumo paulista estão sem receber salários desde setembro. Eles apontam também a falta de veículos para as equipes trabalharem.
O atraso teria ocorrido, de acordo com a Vigilância Sanitária, no processamento das planilhas pelo Procon, ligada também à atuação dos fiscais.
O alarde foi enorme no início: propaganda na tv com pessoas dançando ao som de um jingle, o médico Drauzio Varella anunciando a chegada da lei, as multas, a agressão a uma fiscal em Araraquara (SP) ao atraso nos salários de quem fiscaliza por você.


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

IPTU paulistano


O paulistano começa a fazer as contas para encarar o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que pode ser aprovado pelos 55 vereadores nesta quarta-feira (25).
De acordo com a prefeitura, em alguns bairros o índice pode chegar a 60%.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) defende o aumento sob a alegação que a Planta Genérica de Valores não é revista desde 2001.
Engana-se quem pensa que as zonas residenciais e comerciais ‘nobres’ serão as mais atingidas pelo recálculo.
Com a prometida revitalização, o Brás, conhecido por seu comércio popular e abrigar a ‘cracolândia’, por onde perambulam os consumidores da droga, pode aumentar em até 125% o imposto em 2010, maior que os Jardins, próximo à Avenida Paulista.
No início de 2010, ano eleitoral, a passagem de ônibus pode saltar dos atuais R$2 ,30 para R$2,65.
A chiadeira é unânime.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ESCLARECIMENTO

Esclarecimento

O Blogger apresentou erros de formulário ao atualizar o blog nesta segunda-feira (23.11.09).
Por isso não consegui fazer upload do meu material.
Peço desculpas.
O Blogger não é repartição pública, mas de vez em quando, age igual.


Álvaro.




Internetês e frases do Twitter.
Volta e meia escrevo alguma coisa sobre o que acontece nessa internet de Meu Deus.
Como jornalista é difícil compreender e, principalmente, utilizar essa linguagem cheia de abreviações.
No Twitter, que acreditava abranger uma faixa etária a partir dos 25/30 anos, a disseminação do internetês é mais agressiva que no Orkut, Facebook e no comunicador instantâneo MSN. O Twitter exige mais rapidez que o MSN e Orkut pelas postagens de mensagens em tempo real (timeline) dentro do conjunto de usuários (twitters) à sua volta. São todos seus seguidores em condições de participar com as mensagens de até 140 toques, um exercício de habilidade mesmo.
Separei mais algumas postagens do jeito que elas apareceram na minha tela, sem qualquer correção.
Para quem ainda não conhece o Twitter, visite este site para saber como funciona: http://tinyurl.com/cl87uo

Acesse também http://www.planetatwitter.com/



Frases no Twitter

Meu primo me ligo de POA dizendo q foi pro cinema hj ver New Moon e uma guria jogo uma calcinha na tela quando apareceu o Taylor sem camisa!



Orkut — onde garotas feias mostram uma fração do rosto, um decotão enganoso e passam por bonitas.



Seja o tipo de mulher que, quando seus pés tocarem o chão a cada manhã, o diabo diga: "Oh droga, ela acordou!



vou assistir lua nova, bjs



Volteiiii... pq aqui é meu lugar! Rsrsrs... nada de interessante na Tv, janta maravilhosa...



Pronto... BLACKBERRY testado e funcionando.. td OK.. kisses for you.



seja bem vinda minha maria do bairro kkkk


sábado, 21 de novembro de 2009

Homenagem


1978 foi o ano em que meu pai comprou um Fiat 147 zero quilômetro, modelo 79. Não riam!
Lembro da minha alegria e euforia ao ver meu pai chegando de uma concessionária Fiat na Avenida Nazareth com o carro. A loja nem existe mais, acho.
Naquele final de ano viajamos para Brasília.
Aos oito anos, não controlava minha ansiedade para a viagem começar. Coisa de criança mesmo. Meu pai, minha mãe, meu irmão, eu e ainda dois primos a bordo do ‘possante’.
A rodovia dos Bandeirantes havia sido inaugurada em outubro daquele ano. Era o deleite para um garoto vidrado em túneis, viadutos, rodovias, pontes, elevadores e metrô.
A estrada, novinha em folha, terminava na Anhanguera e lá começavam os trechos em duplicação.
As fotos que fiz quando vim para São Paulo na última viagem (12) foram pensadas neste tema e tem um fundo de saudade e homenagem nisso.
Tanto é que o acesso de Nova Odessa no quilômetro 120 ficou em minha memória na volta de Brasília. Eu explico.
Como disse, a Anhanguera estava em obras e havia uma sequência infindável de desvios, trechos em pista simples, lombadas, placas de sinalização com velocidade máxima de 40 km/h.
Imagine um carro projetado para atingir os 80 km/h facilmente (na época), ter que rodar nessas condições.
Pois bem. Nada do que se vê nas imagens existia. Era muita terra, máquinas pesadas e homens no local.
Ficou na memória toda a escavação feita para abrir o acesso e abrigar um desvio ao lado da construção do segundo viaduto da duplicação.
Meu pai ainda comentou algo sobre a parafernália existente no local quando passamos no que viria a ser mais um acesso entre tantos que levam a rodovia à divisa com Minas Gerais.
Semana que vem completam-se três anos da morte de meu pai.
A alça de acesso, como se vê, foi remodelada com a privatização, a Anhanguera perdeu a pose para a extensão da Bandeirantes e está decadente.
Porém, a lembrança da viagem há 30 anos ficou para sempre aos olhos do menino vislumbrado com tamanha obra de engenharia.
Hoje, sou jornalista, mas ainda passo pela estrada na minha ligação São Paulo-Araraquara.
Nesse lugar, as imagens de 78 vêm à tona e vejo meu pai, dirigindo nosso zero quilômetro. Como se fosse hoje.
Valeu, pai!
Bom final de semana.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Cupim incolor!



- Um encarte publicitário no jornal de ontem chamou minha atenção. Todo colorido, poluído visualmente com uma montoeira de ofertas, e um produto interessante pela maneira anunciada: Inseticida para cupim incolor, 500 ml, R$9,90.
Ops! O cupim é incolor, invisível ou transparente?
Cupim cru (cuidado repetir cru várias vezes!), no ponto, mal passado ou bem assado?
- Outro dia no caderno Cotidiano da Folha de S.Paulo, a manchete: “Corte em obra cortará x árvores”.
No texto da matéria: “Optou-se pela opção...”. Isso é pressa por conta do deadline (fechamento do jornal). O texto vai embora sem muita revisão e dá nisso. No rádio é pior: é ao vivo.
- Há três semanas, acompanhava minha mãe em um laboratório de análises clínicas. A enfermeira perguntou se ela iria fazer exame de sangue, solicitando os papéis em sua mão.
Sentado ao lado, estava tão concentrado lendo jornal que só tive tempo de perceber um vulto se aproximar e dizer:
-“O senhor tem sangue?”
“Ué?”, respondi e emendei: “Se não tenho, tenho o quê?”
Ela não gostou muito da minha resposta ou não entendeu a brincadeira. Um casal idoso à minha frente, sim. Perco a amizade, mas não a piada.
- A faxineira de casa tem o hábito de andar descalça aqui em casa. Esta semana, logo após o almoço, ela passou pela cozinha dizendo: “Ai, que chão geladinho!”
Eu estava perto: “Tá lambendo o chão, é?”
- Hoje é feriado municipal da consciência negra. Em São Paulo, Araraquara e mais 386 cidades brasileiras o dia é de reflexão sobre a presença afro no país. Em outros 750 municípios o dia é é lembrado, mas não é ponto facultativo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Inspeção veicular

Projeto enviado à Assembleia Legislativa paulista prevê a inspeção veicular para todos veículos emplacados no estado em cidades com até três milhões de carros.
Com uma frota de 6,6 milhões de veículos, apenas a cidade de São Paulo realiza a fiscalização por força de uma lei federal. Por enquanto.
Se aprovado, a discussão inicial será sobre as regiões priorizadas. A inspeção é anual e obrigatória.

Idade Média


Soa absurda a movimentação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em propôr, somente agora, uma resolução que valide –em definitivo-, o uso de mídias eletrônicas em depoimentos nos fóruns de todo o país.
O emperramento ainda existe e os juristas explicam que a resistência mais acentuada em aceitar as gravações em video, por incrível que pareça, decorre dos juizes de segunda instância.
Porém o próprio CNJ rechaçou a proposta de se criar um centro de transcrição de gravações.
Em São Paulo, estado mais rico do país, ainda existem máquinas de escrever nas delegacias de polícia. Só para ficar em um exemplo.
Em tempos de web 2.0 alguns setores públicos permanecem na era dos copistas.

Sãopaugio


                                Tamoios: pedágio e duplicação

Após a instalação de mais três praças de pedágio na rodovia D. Pedro I há cerca de um mês, a imprensa revelou a intenção do governo paulista em cravar mais dez pontos de cobrança nas rodovias Tamoios e Rio-Santos, situadas no litoral paulista.
Hoje os jornais trabalham a informação de um projeto de construção de uma nova rodovia, com 28 quilômetros de extensão, ligando São Sebastião a Caraguatatuba, além da duplicação da Tamoios, ligação do Vale do Paraíba ao litoral norte.
O que ninguém questionou é se a construção será bancada com dinheiro dos impostos e em seguida, privatizada.
Quem transita na malha rodoviária paulista já apelidou o estado mais rico do país: Sãopaugio. É muita carestia.                                                 


Rio-Santos

Doses homeopáticas de Rodoanel

Com o escândalo das vigas no Rodoanel paulista, o que estava escondido emerge em doses homeopáticas.

Além do barateamento dos custos da obra, surge agora a denúncia que uma das empresas do consórcio foi excluída da concorrência por incapacidade técnica e depois teria se associado aos vencedores com anuência do Dersa, órgão responsável pelo empreendimento estadual.
A mesma empresa estava presente em uma obra viária na capital, que desabou no ano passado.
O Rodoanel coleciona uma série de problemas: em março houve o rompimento de uma adutora da Sabesp. Em 2008 um rapaz de 25 anos morreu atingido por um trator e em junho de 2001 um tubo de gás foi danificado no trecho oeste.
Até hoje ninguém sabe como ficou o afundamento das pistas da extensão da Rodovia dos Bandeirantes em 2001, tampouco o túnel do metrô Pinheiros que desmoronou e levou sete vidas.

Desorganização à toda prova

Não adiantou o governo paulista adiar em uma semana as provas do Saresp, sistema de avaliação do ensino estadual, por problemas no preparo das provas.
O primeiro dia do exame revelou a distribuição de folhas de respostas incompatíveis com as provas de português e matemática, além de uma questão apresentada sem figura.
Araraquara foi destaque na imprensa e em portais da internet com as questões de geografia misturadas com português.
A secretaria da educação se limitou a dizer que o erro foi no empacotamento das provas e que são fatos ‘normais’.
Num estado que aprova sem saber ler e escrever, entrega cartilhas com dois Paraguais, palavrões e outros erros grosseiros, tudo soa ‘normal’.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Feeeeio, eu?



1989 - Tiete de rádio, na Cidade FM Sampa

Logo que comecei a trabalhar em rádio, em 1991, tive a oportunidade de conversar e conhecer ouvintes que se deixam levar pela imaginação alimentada pelo rádio.

Gosto do rádio por isso. Experimente ouvir uma decisão de campeonato de futebol pelo rádio do carro enquanto estiver viajando. Você tem vontade de parar o carro no acostamento para gritar ‘Goooooooooooool’ quando seu time marca. E também fica louco para esmurrar o painel do rádio se toma um gol. Não é?
Rádio é ótimo por isso. É sua imaginação a mil por hora!
Ligue a tv num jogo, abaixe o som e deixe o audio por conta de um rádio ao lado.
Você percebe que a emoção é somente do rádio.
Pois bem. Novato em rádio, uma ouvinte ligava sempre e elogiava minha voz, que era isso, aquilo etc.
Até que um dia resolveu me conhecer na emissora.
Uma semana depois ela retorna levando uma menina junto.
-“É minha filha, tem seis anos”, apresentou-me dizendo seu nome (que não lembro mais).
- “Viu, filha? É ele que fala no rádio o nome das músicas”.
Criança não tem trava na língua. Ela me olhou de cima abaixo, fitou minha cara e disparou:
-“Ah, mãe, ele não é tão feio como você disse!”
Minha ouvinte, que se sentiu encorajada em levar a filha para conhecer aquele que falava no rádio, não tinha onde enfiar a cara.
Desconversei, brinquei dizendo que criança não sabe o que diz. Essa ouvinte nunca mais ligou ou apareceu.
Não sabe, é?


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pulada de cerca

Há alguns anos noticiei um assalto praticado por uma dupla armada com revólver.

O boletim registrado na polícia descrevia a história, linha a linha, do dono de um carro parado em uma rua deserta que teve sua carteira, chaves do carro e outros objetos pessoais roubados no meio da madrugada.
Havia outra pessoa em companhia da vítima, que não teve nada levado. Uma testemunha, portanto.
Naquele momento não tinha noção da confusão em que esse homem se meteu. Simplesmente noticiei o caso entre tantos outros.
Passados alguns minutos, um telefonema para mim. Era uma mulher. Atendi.
Minha orelha só não chamuscou com o telefone pois a tecnologia (ainda) não permite.
Do outro lado, uma voz indignada, aos gritos.
-“Você noticiou um assalto agora há pouco?”
Sim, ela ouviu a notícia. E eu sem saber o que viria pela frente.
Respondi afimativamente. Ela, bufando: “É o safado do meu marido?”
Peguei minhas anotações, falei o nome. Ela pediu local, detalhes. Respondi.
-“Tinha alguém com ele? Tinha alguém com ele?”, vociferou. Ela deveria estar igual à menina girando a cabeça no filme ‘O exorcista’.
Falei o nome da testemunha, uma garota de 19 anos. “Filho duma puta! Eu vou matar meu marido quando chegar em casa”, bradando como o He-Man.
Tentei convencê-la que poderia ser alguma amiga ou parente. Em Vão.
- “Esse canalha ligou de madrugada dizendo que estava sozinho quando o carro deu problema e foi assaltado. E estava com a polícia procurando os bandidos” , contou, um pouco mais calma.
Mas não tardou em reassumir a bronca: “Vou jogar todas as roupas dele no meio da rua! Aqui em casa ele não entra!”
Agradeceu e desligou.
À essa altura, não adiantaria alongar a conversa para que acalmasse. Só faltou ele aparecer no jornal, o que até hoje não ocorreu. Coisa errada nunca dá certo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Triste notícia


Levantamento publicado pela Folha de S.Paulo mostra que o número de policiais militares mortos em folga subiu 56% de janeiro a agosto deste ano em comparação ao mesmo período em 2008. Foram 100 mortes em 2009, contra 64 ano passado. Somado ao trágico índice está o aumento de todos os crimes neste terceiro trimestre.

Os números vêm ao encontro de outra constatação: desde 1994 os milicianos ganham cada vez menos e são obrigados a fazer ‘bicos ’ fora do serviço para complementar a renda. Atuam, em sua maioria, como seguranças privados, o que em tese, é proibido.
A classe policial, militar e civil, não recebe aumento efetivo nos salários há quase 16 anos. Recebeu apenas gratificações.

O descalabro que se transformou a segurança pública em São Paulo ficou escancarado em outubro de 2008 com a greve da Polícia Civil e o confronto com a PM em frente ao Palácio dos Bandeirantes, de onde as cúpulas assistiram as cenas inimagináveis no estado mais rico da nação.
Um projeto de emenda constitucional (PEC 300) estabelece um piso de quatro mil reais para policiais militares em todo o país e enfrenta a resistência do governo paulista.

domingo, 15 de novembro de 2009

Atraso estadual



Atrasos nos pagamentos paralisam obras de construção de 1,2 mil viadutos, recapeamentos, duplicações e reformas em doze mil quilômetros de estradas vicinais paulistas, conforme reportagem da Folha de S.Paulo publicada domingo (15).

O calote chega a 500 milhões de reais após três meses sem acertar dívidas com construtoras e fornecedores, de acordo com o sindicato que reúne a construção pesada em São Paulo.
A inadimplência contrasta com o valor de investimentos anunciado no início deste ano pelo governo estadual, em torno de 3,9 bilhões de reais.
O que não se entende também é o interesse da secretaria dos transportes em adquirir um helicóptero novinho em folha, equipado até com compartimento de bebidas, estimado em dez milhões de reais. A alegação é o transporte de autoridades e fiscais da pasta em deslocamentos pelo estado, inclusive sobre o Rodoanel que veio abaixo no final da última semana.
Refrescando a memória: em janeiro de 2002 as pistas do prolongamento da rodovia dos Bandeirantes afundaram, bem como o túnel do metrô matou sete pessoas na construção da estação Pinheiros, além de outras ‘barbeiragens’, como classificou o Palácio dos Bandeirantes com as vigas que despencaram na Régis Bittencourt.
A fatura, como sempre, é nossa.

sábado, 14 de novembro de 2009

Banheiro, maçaneta e aperto de mão

Outro dia, em um shopping, fui ao banheiro lavar as mãos antes de almoçar. Prática habitual desde a infância, principalmente antes, depois das refeições e ao se chegar da rua.
Já havia assistido câmeras escondidas na tv mostrando o corredor de um banheiro masculino e o comportamento dos que saíam sem lavar as mãos.

Imaginei essas pessoas cumprimentando outras com aperto de mãos ou manuseando alimentos.
Com a chegada da gripe suína os cuidados foram redobrados, em especial com as crianças que foram ensinadas na escola como se deve fazer. Isso deveria vir de casa, sem necessidade de reforço. Mas estamos no Brasil. A história não acaba aí. Bom seria.
Almocei e voltei ao banheiro. Enquanto lavava as mãos, um rapaz saiu de uma bacia masculina e foi embora!
Foi suficiente para me embrulhar o estômago. Sequei minhas mãos e aproveitei o papel-toalha para puxar a maçaneta na saída. Disciplinei a fazer isso sempre que estou fora de casa. Ao sair vi o 'porcolino' metros à frente no corredor. "Qual seu destino?", pensei.
Adivinha! Ele foi direto ao balcão de uma lanchonete e pegou um cardápio para escolher o que comer.
Penso agora que não é nenhuma paranóia carregar álcool em gel e que Michael Jackson tinha razão em usar luvas quando saía para a rua.
Quando alguém vier cumprimentar com mãos suspeitas, prefira a saudação japonesa: abaixe levemente a cabeça em sinal de respeito. E mais nada.


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

(In)discrição

(In)discrição



Já contei em um de meus posts sobre a desagradável situação de viajar em um ônibus com passageiros espalhando flatulência.


Na última viagem que fiz a Araraquara após o dia de finados, dois adolescentes deram mostra:


1) do que é ser inconveniente num lugar público (o ônibus);


2) que a indiscrição e falta de educação são suas marcas registradas;


3) que ninguém é obrigado a curtir música ruim ou fazer notar perante os demais que ambos gostam de lixo.


Os calçudinhos em bermudas geriátricas e bonés fizeram questão de mostrar que o mp3 deles funciona sem o fone de ouvido, gostam de funk, pagode e a educação, esta, passou longe.


Na retomada da viagem após o ponto de parada, além das músicas, escutei várias vezes até chegar a São Carlos, onde desceram:


-“Que calor da porra tá aqui, mano!”


Não, o som não estava alto a ponto de criar animosidade dentro do ônibus. Eram as músicas mesmo.


Na primeira parte da viagem cochilei. Meus ouvidos filtravam o audio do filme na tv, o barulho natural do ônibus e lá do fundo vinha um funk ou um pagode.


Depois mirei meu mp3 com anos 80 e me desliguei de vez daquilo.


Ando light demais depois da cirurgia.


sábado, 7 de novembro de 2009

Ataque ao carro-forte

Pela segunda vez em menos de trinta dias uma quadrilha com armas pesadas cercou e atacou um carro-forte, desta vez na rodovia Anhanguera próximo a Araras (SP). Um empresário do ramo imobiliário passava no local. Morreu com um tiro no confronto entre seguranças e o bando.
Em 13 de outubro outro veículo com malotes de dinheiro também foi roubado em Amparo (SP).
Pressionada pela imprensa e a população, a secretaria da segurança pública se apressa em mostrar serviço. Um grupo de delegacias das cidades envolvidas foi formado para chegar aos autores do assalto de cinco milhões de reais e quem sabe, do primeiro também.
Há cerca de um ano dois depósitos da empresa de valores foram invadidos e os cofres esvaziados à bomba na presença de funcionários. Não se ouviu falar em presos.
De lá para cá o grau de violência aumentou nos 645 municípios paulistas, em especial no interior. A reação do governo estadual foi inversamente proporcional.
Não é por falta de dinheiro. O Pronasci, programa federal de investimento em segurança pública dispõe de dinheiro suficiente para estados e municípios. Faltam projetos, mas gastam com publicidade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Confronto

Uma nota sobre um assalto e morte de um assaltante em confronto com a PM na Avenida Aricanduva, zona leste da capital, figurava ao lado da notícia principal, a derrubada do helicóptero policial no Rio de Janeiro.
Curiosamente, o diagramador inseriu um texto complementar da notícia (o famoso ‘box’) com a avaliação de um estudioso do núcleo de violência de uma universidade fluminense sobre o caso que correu o mundo. No texto ele diz que a ‘tática de confronto’ não é ideal.
Espera um pouco!
Juntando os dois casos, o que é o ideal na concepção dessa mente brilhante que só estuda, estuda e estuda a violência, mas não passa de ano? A polícia chegar armada com um par de pantufas nas mãos e pedir para o biluzinho armado com um fuzil anti-aéreo se entregar?
Tem que ter chumbo de encontro!
Levantou um fuzil anti-aéreo, passa com um tanque em cima! Sem olhar para trás.
Que história é essa de intelectual enfiado em sala com ar condicionado afirmar que a polícia está errada com sua tática de confronto?
Desconfio seriamente que essa gente defende interesses escusos...
No caso de Aricanduva, o estado que mais sofre com a insegurança não reage à altura desde 1994, quando subestimou a formação de facções e deixou descambar nas megarrebeliões dos anos 2000.
Parece absurdo afirmar isso, mas tem muita gente que sente saudade dos tempos daquele governador que colocava a Rota nas ruas.