sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Pressa

Pronto! Agora apressa-se a correria para 2010. As liquidações de Natal começaram. Comprar mais pra quê? Passar 2010 atolado em contas? No calor da festa a empolgação toma a razão de assalto e o rescaldo do incêndio é amargo, quando deparamos com os IPs em janeiro. Consumir é necessário. Um mimo massageia nosso ego, mas não a responsabilidade das obrigações e imprevistos que surgirão pelo caminho. A fábula da cigarra e da formiga cai como uma luva. Festejar é ótimo, mas sem ir às nuvens. O que aprendi com a cirurgia este ano: mais autocontrole e mais cabeça fria (até demais). A festa acontece todos dias. Começa ao sermos brindados com o despertar e acaba com a sensação de dever cumprido.



2010, venha com vontade!


O resfriado me pegou em cheio da quarta para quinta. Dá-lhe paracetamol.


Abraço,


Álvaro.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O peru e o galo

Macaco Simão foi certeiro em sua coluna neste dia 24: "A humanidade é incoerente: mata o perú e reza para o galo".
Vai entender. Feliz Natal!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Filhinhos-de-papai

Não durou 12 horas a prisão de três universitários em Ribeirão Preto (SP) por racismo e agressão a um servente de 55 anos neste final de semana. O trio, que paga três mil reais por mês em uma faculdade de medicina, estava em um Fox quando atingiu a vítima com um tapete de borracha. Fiança de seis mil reais cada um e todos estão em casa.


Na UniNove em São Paulo os estudantes resolveram comemorar o fim do ano letivo com desordem e vandalismo. A PM foi recebida a paus, pedras e garrafas. Dois detidos.


De volta a Ribeirão, em fevereiro de 2008 um estudante de direito atropelou e quase matou um frentista.
Responde por tentativa de homicídio. Alcoolizado, revelou também traços de lança-perfume no sangue, mas não foi preso.


Dez anos antes um empresário de 24 anos arrastou até a morte a garota de programa Selma Heloísa Artigas da Silva, 22 (dois filhos, grávida de três meses), que ficou presa ou foi amarrada ao cinto de segurança de uma caminhonete Pajero. O autor ficou preso e está solto há nove anos, graças ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O ‘Caso Selma’ não tem data para julgamento.


O pomposo Núcleo de Estudos da Violência da USP citou o crime como um dos mais relevantes dos anos 90. E só.


Há 12 anos o índio pataxó Galdino pagou com a vida a ousadia de estar no caminho de cinco rapazes de classe média-alta depois de uma balada em Brasília (DF). Foi incendiado com álcool. O quinteto estava “brincando”. Contaram com inúmeras regalias da justiça. Condenados a 14 anos, estão soltos.


Entre os cinco, estão um filho de advogado, de juiz federal e ex-ministro do TSE.


É como os pais que exigem o melhor para os filhos em uma excursão escolar: o melhor lugar, atendimento, a melhor diversão e companhia. E ai se não ficarem satisfeitos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Chorumelas paulistas

Atitudes revelam como se administra um estado.
Foi o que revelou Renata Lo Prete, no Painel da Folha de S.Paulo deste domingo (13):


Pote de mágoa. A escolta do secretário da Segurança de São Paulo sempre foi feita por policiais militares e civis. Recentemente, Antonio Ferreira Pinto decidiu que a sua empregará apenas a PM. A exclusão calou fundo na Civil.

Se as forças policiais representam a segurança pública paulista, qual o significado desse melindre?
Retaliação pósgreve?
O que dizer da escolta simultânea que as autoridades desfrutam?
O cidadão comum não pleiteia o mesmo. Cobra mais seriedade do Palácio dos Bandeirantes no combate à violência, sem chorumelas que resultam unicamente em mal estar e indignação nas hostes.
Policiais ganham mal, trabalham desmotivados, são obrigados a fazer ‘bicos’, pagar estragos em viaturas caso se envolvam em acidentes, são afastados após tiroteios, não dispõem de recursos materiais à altura e não há contratação suficiente de efetivo.
Desde 1994 São Paulo vive à mercê dos criminosos.
São Paulo foi desaparelhada. O único reforço visível é na publicidade aos quatro cantos: nos jornais, nas rádios, nas tevês, no metrô etc.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Xixi à Mr. Bean

Esta semana vim para São Paulo para exames e quimioterapia.
Além de enfrentar muita chuva e deparar com a Paulicéia de ponta cabeça com a inundação (postei fotos no Orkut e uma visão crítica neste espaço), passei por uma situação curiosa.
Na clínica de medicina diagnóstica (tucanaram o que era laboratório de análises clínicas!) fui para banheiro com o pote, copinho e tubo de amostra para exame de urina.
Estava muito além das duas horas necessárias sem ‘verter água’. Minha última ida ao banheiro foi no posto em Limeira. Resumo: estava há quatro horas sem visitar o (tão sonhado) mictório!
Orientado pela enfermeira, deveria colher e dispensar o primeiro jato e colocar a amostra do segundo no tubo.
Fico sem graça em ficar descrevendo esses procedimentos, mas quem nunca fez isso? Se estiver louco de vontade de esvaziar a bexiga, é onde mora o perigo.
Pois bem. Fiz tudo como manda o figurino: Xixi um, fora. Xixi dois, separa.
Não aguentava mais. Esvaziei a bexiga em seguida, de olho no copinho que interessava ao laboratório. Dei descarga. Pronto! Agora é só despejar o conteúdo para o tubinho, tampar, lavar novamente as mãos, entregar e adeus.
Na na ni na não! Comigo, claro, haverua de ser diferente.
Ao esticar o braço direito para apanhar o copinho em cima da pia, esbarrei a bendita mão e o copinho com meu precioso (“my preciooous” do Senhor dos Anéis, lembra?) virou na cuba!
“Não fiz isso!”, falei comigo, olhando o líquido que sumia velozmente pelo ralo, o vaso, a pia, o copinho e o tubinho vazios.
Por uns quinze segundos fiz cara de Jerry Lewis e Mr. Bean.




Forcei a bexiga na esperança de, quem sabe, dar a derradeira xixizada que me livraria ter que ficar na sala de espera por mais duas horas. Em vão.
Saí do banheiro. Contei à enfermeira, com cara de panetone. Com toda tranquilidade ela soltou:
-“Pode acontecer. É só esperar duas horas. Aproveita para tomar café, uma água”, disse.
- Minha mãe foi saber por que demorava em sair da ala de coleta:
-“Não acredito!”
-“ Nem eu!”, respondi, pensando nas duas horas perto das máquinas de café, capuccino, chocolate quente e bolachas.
É o tempo que surge a vontade de ir ao banheiro.
Vou eu de novo: pote, copinho e... tubinho.
Dispensei o primeiro jato e o segundo despejei imediatamente para o tubo. Fechei bem fechadinho, para garantir o meu precioso.
Aí, sim! Aliviei a bexiga, sem nenhuma preocupação.
Um oito de dezembro inesquecível: chuva, viagem e a tarde fazendo xixi.
Outros virão.
Aprendemos com os acertos, mas principalmente com os erros.
Bom final de semana.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Planejamento furado

O governo de São Paulo utilizou somente 140 de um total de 255 milhões de reais para as obras antienchente no plano de recuperação da calha do Tietê. Esta semana a capital sofreu novamente com inundações.

Dilma Pena, secretária estadual de saneamento, justificou que o planejamento ‘furou’ (palavras dela) por conta do atraso da assinatura de um contrato com o Banco Interamericano de Desenvovimento.
É furo de todo tipo: atrasos, desmoronamento no Metrô, queda de viga do Rodoanel, cartilhas com palavrões e dois ‘Paraguais’, escolas sem merendeiras pelo fim do contrato de trabalho temporário. O que mais? Nada dá certo. Por quê?
O papo ‘furado’ testa a paciência do paulista.

Vitrine eleitoral

Os reflexos da enchente provocada pela chuva que paralisou (mais uma vez) a capital paulista ainda são percebidos nesta sexta (11) em bairros como o Jardim Pantanal, ainda sob as águas do dia 8.
Renata Lo Prete, no ‘Painel’ da Folha desta quinta (10), resumiu claramente como o governo estadual trata a revitalização do rio Tietê:

Timing. Jornal do Metrô circula com propaganda do governo de SP que cita o Tietê, cujo transbordamento isolou a capital anteontem, como exemplo do trabalho de despoluição realizado pela administração. Texto: "Antes, tinha sujeira para todo lado. Agora, tem córrego limpo".

Não é preciso ser especialista em urbanismo e perceber o abismo entre a realidade dos fatos e a irônica propaganda veiculada aos quatro cantos com nosso dinheiro. É caso para o Conar.
As imagens que fiz quando chegava de Araraquara (SP) falam por si.
Assista os videos em
http://www.youtube.com/watch?v=kJa4SbWBZLw
Veja mais fotos no Orkut em Álvaro Taniguti (Perfil 2)


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Serv Selfice

Uma das vezes que retornava da quimioterapia deparei com este restaurante na Baixada do Glicério.

Hoje não deixei passar batido.
Click!

Vou mandar para o Macaco Simão da Folha.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Convulsão na mão, um alerta

Na noite deste sábado (05/12) uma convulsão na mão esquerda impressionou quem nunca havia visto algo semelhante.
Movimentos involuntários de abre-e-fecha surgiram de repente, descontrolados e muito rápidos, como  doador de sangue colhendo material.
Essa convulsão durou pouco mais de cinco minutos e deixou impressionada a família da minha mulher, que em 2002 presenciou duas convulsões até descobrir que a primeira cirurgia seria necessária.
Logo após a crise, liguei para o neurocirurgião em São Paulo. Contei o ocorrido e ele recomendou voltar a tomar os quatro comprimidos diários do anticonvulsivante.
No dia primeiro ele decidiu em diminuir um comprimido ao ver o resultado do exame de sangue com a concentração do medicamento e constatar que estava no máximo da referência, de 10 a 20 mg. Acima de 20 é considerada tóxica.
Com essa 'cãibra' na mão esquerda, concluo:
1- os quatro comprimidos diários são necessários por conta da quimioterapia ou da radiocirurgia de 21 de setembro (a 'noite do terror');
2- essa convulsão na mão esquerda possui histórico: duas vezes antes da segunda cirurgia, no dia da radiocirugia e ontem;
3- o anticonvulsivante é ministrado em quatro comprimidos desde a primeira cirurgia em 2002, mas não me recordo se houve redução após um certo período do encerramento da radioterapia;
4- a sensação de formigamento diminuiu 95% no final da noite, mas hoje pela manhã sentia algo parecido com dor muscular, como ácido lático tivesse sido produzido após intensa atividade física repentina.
5- Fico desconfiado ao movimentar a mão esquerda, receoso de nova convulsão. É igual bunda de nenê e cabeça de juiz: nunca se sabe o que vem por aí. Tá louco!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Cybertúmulo


Na última viagem entre São Paulo e Araraquara, uma passageira, mãe de um menino de seis anos, saía do banheiro do ônibus , quando ouviu a seguinte pergunta do garoto:
-"Mãe, olha lá! É alí que o vô, pai do papai está! Não é, mãe?", apontando o dedo para o interior do cemitério de São Carlos, trajeto entre a estrada e o terminal rodoviário.
Não sei se a intenção dela era sentar-se logo ou não queria estender conversa sobre a curiosidade do filho, mas apressou-se em conduzi-lo pelo braço através do corredor: "Vem, filho", sem deixá-lo parar no corredor para esticar o olhar curioso sobre a última morada de todos nós.
Quando era criança e passava alguns dias na casa de uns primos, ficava intrigado ao ver que eles moravam próximos ao cemitério da Vila Mariana em São Paulo (SP).
À noite, da janela de um dos quartos, jurava que conseguia enxergar luzes piscando dos túmulos.
Velas deixadas acesas pelos últimos visitantes no final da tarde, muito provável fosse isso.
Mas na minha visão infantil, poderia ser alguém querendo me dizer algo.
Imagino o que aquele menino possa ter pensado naquele momento em que passamos ao lado do cemitério da capital da tecnologia. Cybertúmulo?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Feira-livre e eu

Gosto de andar pelas feiras-livres.
Lembram dois momentos marcantes. Em minha infância empurrava o carrinho para minha avó. Perto da adolescência, meu irmão e eu acompanhavámos papai nas compras que fazia. Sempre nas férias escolares. Sempre às sextas-feiras, na rua de casa.
Nesse dia, era como bater cartão: pastel e caldo de cana ao chegar da escola. Houve um tempo em que havia também um vendedor de espetinhos. Há quem torça o nariz (uma amiga minha sempre dispara: “Ai que nojo!”), mas fico com o “Amo muito tudo isso”.
Sempre comunicativo, papai fez amizade com Jaime, dono de uma banca de legumes. Nesse convívio semanal, não demorou muito a estarmos lá, ajudando-o vender baciadas de cenoura, pimentão, milho verde e mandioca, sem nada em troca.
Era o prazer de ajudar, mas a nítida intenção de papai era nos fazer enxergar que a vida é comunicação, expansividade. No papel de consumidor ou vendedor, não importa: voluntariado se pratica com humildade, discrição e alguns legumes.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Arremesso de bocha


Desculpem-me os bochófilos, mas alguém já ouvir falar sobre ‘arremesso’ de bocha?
Bocha se joga nas canchas, os italianos adoram, mas não é igual aos atletas do peso olímpico.
Pois é. Tive uma vizinha que reinventou a coisa. No pior sentido. Talvez por seu espírito de porco, coisa de maloqueira. Ela abriu a temporada de arremesso. De ‘bostcha’.
Não consigo imaginar a capacidade que um ser (chamado) humano possui ao recolher as fezes de seu animal de estimação e lançá-las no telhado do quintal alheio.
Aquela noite, enquanto jantava, escutei o barulho seco de algum objeto espatifando sobre uma telha. “Catapóf!”.
No dia seguinte descobri a ‘arte’ animal (ou da ‘animal’) estampada, para quem quisesse ver. Éca!
Certamente ela foi a precursora deste novo esporte que poderá estar presente em 2016, com grandes chances de ouro para nosso país. Só resta saber se a ‘bostchófila’ concorrerá na modalidade burrice ou inveja.