quinta-feira, 29 de abril de 2010

Relaxo meu

Preciso finalizar o texto sobre Abadiânia (GO) e a cirurgia espiritual.
Farei isso amanhã (30/04), após consulta com dr Carlos, que analisará a ressonância feita segunda-feira (26) com a de março, ainda na quimioterapia, quando surgiu o aumento da amina chamada colina.
Fiz essa ressonância 'limpo'. Vamos ver o que dá.
Até.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pauluição



Imagens feitas por mim no Bosque da Saúde na tarde desta segunda (26/04) às 17h e 18h, evidenciam a poluição que paira sobre a capital paulista.
Mas o que dizer sobre a fuligem da queimada de cana e urbana em Araraquara (SP)?

Abadiânia
Termino de escrever sobre Abadiânia (GO) amanhã (27/04) e posto material por aqui, mas as fotos da cirurgia espiritual com João de Deus já estão no Orkut.
Antecipo: foi uma experiência única.




sexta-feira, 23 de abril de 2010

Abadiânia, incrível

Cheguei no final da tarde em Araraquara, vindo de Abadiânia (GO).
Estou bastante cansado, mas feliz com a cirurgia espiritual na Casa de Dom Inácio.
Amanhã postarei algo sobre minha experiência.
Até.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Episódios estranhos

Usei aparelhos ortodônticos durante minha infância para correção da mordedura. Ao mesmo tempo, comecei um tratamento de fonoaudiologia.
Era uma clínica instalada na Vila Mariana em São Paulo (SP), um antigo e enorme sobrado de esquina reformado.
Minhas sessões com a fonoaudióloga aconteciam três vezes por semana.
Lembro-me do lugar: o pé direito do antigo imóvel havia sido transformado em recepção e espera. As amplas salas de estar e jantar deram espaço a divisórias eucatex para algumas salas de fono, assim como o corredor que terminava em uma grande cozinha.
Um enorme hall ficava no topo da escada, com acesso a três suítes, um quarto e um banheiro, enormes.
Este espaço me intimidava.
Meu tratamento começou em uma das salas ao lado da recepção. Em determinada sessão, a fono foi transferida ao andar superior, no antigo quarto de hóspedes, adaptada aos pacientes.
Cada sessão durava cerca de uma hora.
Na metade de uma delas, pedi para ir ao banheiro.
Como não era suíte, perguntei qual a porta do banheiro antes de sair até o hall.
Segunda porta à esquerda, disse minha fonoaudióloga.
Vi a porta entreaberta. Por educação, aproximei e dei três batidas leves. Nada. Bati novamente.
-"Tem alguém aí?", perguntei.
"Não!" foi a resposta de uma voz gutural, assustadora.
Saí correndo de volta à sala, chorando.
A fonoaudióloga quis saber o que havia acontecido.
Contei. Ela quis me tranquilizar. Não teve jeito.
Mesmo pegando em minha mão direita e mostrando que não havia ninguém ao empurrar a porta do banheiro e mostrar que as suítes estavam todas trancadas, não houve solução.
Nem banheiro, nem xixi, nem o resto da sessão. Só soluço.
Ela desceu comigo e explicou [ou tentou] à minha mãe o ocorrido.
Aquela casa me dava arrepios toda vez que entrava. Desde o primeiro dia.
Tinha oito ou nove anos.

No jornal, outro evento bizarro.
Em uma reportagem no Parque Pinheirinho em Araraquara (SP), um fato inusitado atrapalhou a conclusão da matéria.
Estava ao lado de uma lagoa onde uma criança havia se afogado no final de semana.
Era segunda-feira. Os bombeiros estavam no local.
Ao iniciar a transmissão pelo rádio da unidade móvel, fiz um breve apanhado do registro policial. O nome da vítima, idade, onde residia etc.
Depois de conversar rapidamente com um dos bombeiros envolvidos nas buscas do corpo do menino, passei a entrevistar um dos familiares.
No momento em que ele começou a falar, o barulho de alguém serrando um cano de ferro entrou subitamente no ar, a ponto de encobrir o que ele falava.
Do estúdio, José Carlos Magdalena -âncora do jornal-,  interveio para perguntar quem estava serrando um cano perto de mim, prejudicando nossa transmissão.
Quando Magdalena começou a falar, o 'serrote' parou.
Expliquei que não havia ninguém executando serviço de serralheria nas proximidades e retomei minhas perguntas ao pai do garoto afogado.
Ao começar a responder, o barulho do serrote recomeçou no ar, mais agudo ainda.
Magdalena parou novamente a entrevista [o barulho parou de novo] e desta vez foi mais incisivo:" Álvaro, tem certeza  que não há ninguém por perto com um serrote fazendo isso?"
-"Magdalena, ao meu lado estão os bombeiros se preparando para entrar na lagoa e o pai do menino. Ninguém mais", respondi.
"Então conclua sua reportagem, por favor", disse.
Minha última pergunta ao pai do menino foi ao ar sem interferências, mas assim que ele começou a responder, o serrote no cano de ferro voltou tão estridente como da vez anterior.
Sem chance. Tive que desistir. Devolvi a bola ao estúdio.
Até hoje não consigo encontrar explicação para a voz assombrada que escutei do banheiro e como aquele ruído de um serrote avançando sem dó em um cano de ferro entrou limpinho no ar, sem causar qualquer tipo de falha na transmissão da unidade móvel ao estúdio.
Quando alguns radioamadores encontram a frequência da nossa unidade móvel é fácil, com um rádiocomunicador, interferir nas transmissões, mas percebe-se o chiado de entrada e saída dessas intervenções.
No caso do Parque Pinheirinho o barulho do serrote era limpo, sem 'picotes' de entrada e saída de interferência, causando a impressão que alguma pessoa estava a cinco metros de mim, levando tudo ao ar.

terça-feira, 20 de abril de 2010

João de Deus, Abadiânia (GO)

João Teixeira de Faria [ou João de Deus], Abadiânia (GO).
É para lá que irei daqui a pouco.
Soube da existência de ambos através de uma tia materna, moradora em Brasília (DF).
A cidade, por sinal, hoje completa 50 anos.
Ela esteve em São Paulo em março.
Na conversa que tivemos, a espitualidade surgiu. Ela se diz católica e discorria sobre minhas duas cirurgias.
Em determinado momento ela citou pela primeira vez o médium e sua cidade. Afirmou que muitas pessoas, inclusive do exterior, buscavam nele cura espiritual.
Abadiânia, para quem não conhece, fica a 760 km de Araraquara (SP) e a 75 da capital federal.
Na semana seguinte (21/03), um artigo publicado no caderno Mais! da Folha de SPaulo relatava as observações de um repórter enviado à cidade de pouco mais de 12 mil habitantes e as impressões do cineasta Bruno Barreto. Transcrevo abaixo os textos publicados:

Médium Max

Com placas e cardápios em inglês, cidade de 12 mil habitantes, a pouco mais de cem km de Brasília, hospeda espírita que atrai pessoas do mundo todo em busca de cura de doenças as mais variadas


Na rua do centro espírita, as lojas vendem suvenires como a camisa da seleção brasileira

VINICIUS SASSINE
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM ABADIÂNIA (GO)


A entidade chama: "Este aqui chegou como louco, já tomou 22 eletrochoques". Depois, quer que os mais próximos ouçam o relato de uma mulher. "Por que você veio até aqui?", pergunta.
"Porque eu não conseguia engravidar. A gravidez só "segurou" por sua causa", responde a gaúcha de Cruz Alta (RS), pela segunda vez em Abadiânia, no interior de Goiás.
É a vez de uma paciente grega, que retornou ao Brasil para agradecer pela cirurgia realizada na última vez em que esteve na cidade. "Os médicos retiravam o tumor, mas ele voltava e sangrava."
As conversas, sempre curtas, duram o dia inteiro no centro espírita Dom Inácio Loiola, conhecido como Casa de Dom Inácio. Uma multidão de enfermos se enfileira para ver e manifestar seus problemas a João de Deus.
Ou, melhor, a uma das mais de 30 entidades que a equipe do centro espírita diz que João recebe, entre elas o espírito do médico sanitarista brasileiro Osvaldo Cruz, morto no início do século passado.
João Teixeira Farias, de 68 anos, o João de Deus, contradiz a própria equipe. Não é espírita nem recebe tantas entidades, segundo ele. "Tenho uma missão apenas."
João de Deus é John of God para a grande maioria das pessoas que passam as quartas, quintas e sextas-feiras na Casa Dom Inácio. Europeus, norte-americanos e asiáticos, nessa ordem, descobriram Abadiânia, uma cidade de 12 mil habitantes a 88 quilômetros de Goiânia e a pouco mais de 100 quilômetros de Brasília.

Cirurgias espirituais
Eles são maioria na busca pela cura que a medicina não obteve. Conduzem rituais de oração e "cirurgias espirituais", muitas delas com incisões carregadas de misticismo para retirada de nódulos, cistos e outras partes doentes do corpo.
Vestem branco. Passam horas sentados, de olhos fechados. Esperam a vez da conversa ou da "cirurgia" com João de Deus.
A Casa Dom Inácio recebe, por dia, entre 600 e 800 pessoas que, de alguma maneira (principalmente pela boca de amigos), ficaram sabendo da existência de João de Deus.
Chegam, identificam a fila onde devem entrar da primeira vez, a da "cirurgia", a fila do retorno e já decidem ali, frente à frente com o médium, qual será o procedimento adotado.
Na quarta-feira passada, uma única pessoa fez a cirurgia com cortes.
"Ele retirou com um bisturi os caroços que eu tinha perto do peito", conta o empresário de Salvador (BA) Marcos Falcão, 46, enquanto se recuperava numa maca da enfermaria. "Sangrou, mas não senti dor."
Outras 150 pessoas fizeram as "cirurgias espirituais", sem incisões no corpo.
Foi assim que o estudante paulista Robert Hoffman, 22, diz ter se curado de um tumor benigno no cérebro. Robert fez a cirurgia espiritual na Casa Dom Inácio em 5/2.
No Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o tumor de cinco centímetros foi retirado sete dias depois.
"Não fiquei nem uma semana no hospital, e sem sequelas, como os médicos chegaram a dizer no início", afirmou.
O centro espírita já registrou a presença de estrangeiros de 22 países. São principalmente pessoas com deficiências físicas ou com problemas graves de saúde, como esclerose múltipla e câncer. "Tenho esperança de ser curado", diz o italiano Pietro de Maria, 38, paraplégico desde 1995 por causa de um acidente de moto. "Vou ser operado na semana que vem."
O suíço Raymond Gallaz, 55, conta ter dispensado a cadeira de rodas que Pietro ainda usa por causa de João de Deus.
É a quarta vez do suíço em Abadiânia. "Não preciso mais da cadeira."
Os voluntários de João de Deus são os mesmos que organizam as caravanas com os estrangeiros rumo a Abadiânia. Eles negociam a hospedagem entre os voluntários, são proprietários de dezenas de pousadas e hotéis na cidade e trabalham como tradutores ou guias na Casa Dom Inácio -um lugar amplo, com diversos espaços para cirurgias, orações, farmácia, enfermaria e sala de espera.

TV de plasma
Na rua do centro espírita, as lojas vendem suvenires como a camisa da seleção brasileira de futebol. As placas das pousadas e os cardápios das lanchonetes são em inglês. Muitas casas são alugadas pelos visitantes de outros países, que passam meses, anos ou até uma vida inteira em Abadiânia.
É é o caso de um francês que se casou com uma brasileira nascida na cidade. Na parede da casa, pintou uma mensagem que fala em cura na Casa Dom Inácio.
Questionado sobre a razão de tantos estrangeiros o procurarem, João de Deus diz que são os "trabalhos realizados por mais de 30 anos". Ele dá respostas curtas às acusações que já enfrentou, principalmente de charlatanismo. "Para mim, tudo é normal."
Ele viaja todos os anos para Nova York (EUA), onde mantém uma Casa Dom Inácio. Já esteve também na Nova Zelândia, na Alemanha, em Portugal e na Grécia.
Em cada atendimento, o médium ouve seu seguidor e anota num papel o medicamento necessário ao tratamento espiritual.
É uma essência de passiflora, produzida na farmácia do centro espírita e vendida por R$ 60. Banhos de cristal, suvenires e água fluidificada também são vendidos por sua equipe.
O centro recebe diversas doações, em dinheiro ou produtos. "Não cobramos dízimo", provoca o médium. Mas uma placa exibida em uma das salas do centro -ao lado de uma TV de plasma que transmite continuamente sessões gravadas de cirurgias sempre com incisões conduzidas pelo médium- lembra: "All donation welcome".


Realismo mágico

Diretor de "O Que É Isso, Companheiro ?", Bruno Barreto diz que pensa em fazer um filme sobre João de Deus, que conheceu em viagem a Abadiânia
Tem pessoas em cadeiras de rodas, enfaixadas, com curativos nas costas, nas condições mais diferentes

EUCLIDES SANTOS MENDES
DA REDAÇÃO

No início de fevereiro de 2009, o cineasta Bruno Barreto -que dirigiu "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), "O Que É Isso, Companheiro?" (1997) e "Última Parada 174" (2008), entre outros filmes- fez uma viagem, segundo ele mesmo "uma experiência única", pelo interior de Goiás.
Foi a Abadiânia para conhecer de perto João Teixeira de Farias, 67, o médium conhecido como João de Deus e considerado o sucessor de Chico Xavier (1910-2002).
Em entrevista à Folha, por telefone, Barreto diz que a presença de estrangeiros na cidade goiana é tão impactante que a língua inglesa passou a fazer parte do cotidiano. Para o cineasta, que considera a possibilidade de fazer um filme sobre João de Deus, o médium é uma pessoa muito simples, quase "primitiva", mas também ambiciosa.

FOLHA - Por que você viajou a Abadiânia?
BRUNO BARRETO - Um amigo meu estava com problemas de saúde e tinha que fazer uma cirurgia -mais uma das várias que fizera. Então resolveu ir a Abadiânia para se consultar com João de Deus. Até então, nunca tinha ouvido falar nele. A viagem foi uma experiência única. É difícil tecer qualquer julgamento [sobre o que vi], porque Abadiânia é um lugar em que o realismo mágico de Gabriel García Márquez [escritor colombiano] seria pouco para descrevê-la.
É uma cidade muito pequena, mas cheia de estrangeiros. Tudo é escrito em inglês e português. Tem pessoas em cadeiras de rodas, enfaixadas, com curativos nas costas, nas condições mais diferentes e de todo lugar do mundo -indianos, árabes, japoneses, alemães-, uma mistura incrível. Conversei com uma mulher de Abu Dhabi [Emirados Árabes Unidos] que levou lá o seu filho com leucemia. Tinha gente da Arábia Saudita, tinha budista, muçulmano, católico, judeu.
Ficamos dois ou três dias na cidade, onde há vários pequenos hotéis e pousadas; é tudo muito básico.
Tem pessoas que ficam lá três meses, porque querem fazer a "cirurgia" com João de Deus -que só atende duas ou três vezes por semana. Elas formam inicialmente uma fila, ajoelham-se, falam com ele -que fica sentado e diz ao seu assistente o que é preciso fazer. Tem consultas espirituais em que parece não fazer nada, não toca as pessoas. Indica remédios que são comprados lá mesmo. Esse é o atendimento mais generalizado.
Depois, pode-se tentar uma entrevista privada ou marcar uma "cirurgia".
FOLHA - Qual impressão lhe causou sua figura?
BARRETO - É uma pessoa muito simples, um curandeiro. Sentamos com ele, conversamos. É uma pessoa muito direta. Não cobra nada. Recebe doações. Muita gente colabora. Diz que recebe a entidade de um médico e faz as operações. Vi quando cortou o peito de uma mulher, inclusive filmei isso com uma câmera de vídeo. Sou totalmente cético, não sigo nenhuma religião. Mas prestei muita atenção na operação: ele enfiou o dedo no corte feito com um bisturi desinfetado. Isso num salão que tinha um palco, uma plateia. Tem algo realmente de espetáculo, para todo mundo ver. Essa mulher ficava encostada na parede, sem piscar o olho. Estava diagnosticada com câncer de mama.

FOLHA - Durante a "cirurgia", a mulher sangrava muito?
BARRETO - Não, sangrava pouco. Fez o corte nela, lavou as mãos, enfiou o dedo sem luva [na incisão] e tirou algo de dentro do peito dela. Parecia um tumor. A parte mais incrível é que, depois, pegou um alicate que segurava na ponta uma agulha e deu alguns pontos no ferimento. A mulher não piscou o olho. Isso foi impressionante.
É inegável que eu vi o que vi.
O fato é que dor ela não sentiu.
Ele deu uns seis pontos e ela nem respirava rápido demais, estava muito serena, tranquila.
Se João de Deus tem poder de cura ou não, isso não é uma coisa nova -Zé Arigó e Chico Xavier faziam isso. Mas, definitivamente, foi algo que me impressionou e não me considero equipado para tecer nenhum julgamento [a respeito].
Depois da "cirurgia", conversamos. Ele estava exausto; fica muito cansado. Dialogamos por 20 minutos. Falamos da vida dele, onde mora. Disse que tinha fazendas de gado em Goiás, que viajava no avião particular que está no aeroporto de Anápolis (GO), que ia aos EUA duas vezes por ano.
Disse ainda que desde pequeno já sentia essa energia [espiritual], que era uma pessoa muito introvertida, que lia muito literatura religiosa, que era muito religioso, não tinha muitos amigos.
Ele é kardecista [segue a doutrina fundada, no século 19, pelo francês Allan Kardec].

FOLHA - Ele já fez alguma operação malsucedida?
BARRETO - Sim. Nesse aspecto, ele é muito inteligente. Diz que não faz milagres: "Eu ajudo, mas o fundamental é a vontade da pessoa de se curar. Sou apenas um veículo para isso, para conectar a vontade da pessoa de se curar com a cura em si. Só ajudo nessa conexão".

FOLHA - Ele tem controle sobre o incorporar ou não a entidade?
BARRETO - Sim, ele faz um esforço no momento em que a incorpora. Disse que é como se "corresse uma maratona quando recebe a entidade, tira muito de mim". Mas quando a incorpora, está muito sereno, tranquilo, muito zen. E depois fica sentado numa espreguiçadeira, suado. Vê-se na cara dele a exaustão.


FOLHA - Você pretende fazer algum filme a partir das imagens que registrou em Abadiânia?
BARRETO - Não sei. Eu me impressionei com esse universo que fascina tanta gente ao redor do mundo. Fiquei tentado a investigar isso. Existem basicamente dois tipos de cineastas: os que fazem filmes somente sobre o que conhecem muito bem, como Woody Allen ou Ingmar Bergman; ou os cineastas que fazem filmes sobre assuntos que não conhecem de maneira nenhuma, mas têm uma grande curiosidade, como Wim Wenders ou Walter Salles. Sou desse tipo. Mas tenho que achar o tom certo. Olhar isso com toda a sua complexidade, com a necessidade que o ser humano tem de acreditar em certas coisas.
Dizer que João de Deus é uma fraude ou um charlatão é uma simplificação. É [uma pessoa] fascinante.

FOLHA - Ele te pareceu uma pessoa ambiciosa?
BARRETO - Boa pergunta. No sentido material... ambicioso ele é, claro. Ele não seria quem é se não fosse ambicioso.




Fiz contatos telefônicos com um casal de voluntários da Casa Dom Inácio [é o nome do local] e senti que é chegado o momento de 'carimbar' minha vitória contra o glioblastoma multiforme IV.
Ao alcance dos médicos que conheci, tudo o que existe de mais moderno neste início de década foi aplicado. E com excelentes resultados até a conclusão dos tratamentos de radiocirurgia e quimuioterapias oral e endovenosa.
Agora é com João de Deus.
Topei viajar a convite de Magdalena, que me alertou sobre a reportagem que passou despercebida por mim naquele domingo. Vejam só.
Como kardecista, acredito que ciência, medicina, natureza e a fé caminharão -no futuro-, de mãos dadas.
Temos que aceitar tudo aquilo o que nos é destinado.
Nada acontece em vão.
Curiosamente, estou ouvindo Roupa Nova, "A Viagem".
Até o retorno.
Para saber mais:
http://voluntarioseamigos.org/indexbr.html

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://curaefe.files.wordpress.com/2009/07/home_image.jpg&imgrefurl=http://curaefe.wordpress.com/a-cura/para-os-espiritas/&usg=__k-_L5H-JGzwFEVxTi6RBfZGi-44=&h=305&w=320&sz=17&hl=pt-BR&start=5&um=1&itbs=1&tbnid=mqIXItldeYksVM:&tbnh=112&tbnw=118&prev=/images%3Fq%3Djo%25C3%25A3o%2Bde%2Bdeus%2Babadi%25C3%25A2nia%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26safe%3Doff%26tbs%3Disch:1

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://i114.photobucket.com/albums/n269/gilmourpoincaree/wordpress/photos/epoca_joao_de_deus_casa_dom_inac-1.gif&imgrefurl=http://fromscratchnewswire.wordpress.com/2008/11/24/centro-espirita-de-abadiania-atrai-turistas-e-muda-a-economia-local-brasil/&usg=__z2hK6odJ8_SaPbu7LKcSPpZwS_I=&h=290&w=350&sz=64&hl=pt-BR&start=1&um=1&itbs=1&tbnid=uqUqWB4-CRKG0M:&tbnh=99&tbnw=120&prev=/images%3Fq%3Djo%25C3%25A3o%2Bde%2Bdeus%2Bgoiania%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26safe%3Doff%26sa%3DN%26tbs%3Disch:1

Rápidas & Ácidas

- Macaco Simão em sua coluna diária na Folha de SPaulo e as tirinhas de Níquel Náusea são o início da leitura do jornal diário.
Faço igual japonês: de trás para a frente [é assim que se lê no Japão].
Começo rindo um pouco até chegar ao primeiro caderno [Brasil], com aquelas sujeiras políticas de Brasília.
Meu humor muda como um passe de mágica. Urgh!
O falecido Enéas [meu nome Enéas, do tal Prona, lembra?] seria igualado ao Mahmoud Ahmadinejad (presidente iraniano) se estivesse vivo: ele defendia a construção da bomba atômica se eleito presidente.
Entendi a ideia dele: seria para jogar em cima de Brasília.
Justifico meu voto.
Viaje no dia da eleição e justifique. É o melhor a fazer. Você descansa o dia e dorme com a consciência tranquila, sem culpa por eleger quem não presta [não são todos].

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Rápidas & Ácidas


- A charge foi publicada na Folha de SPaulo em 17/04/2010. Bloguei sobre o tema esta semana.
Repare o revólver na cintura do preso votando.Dispensa comentários.
- O novo trecho do Rodoanel paulista tem mais um capítulo digno de Brasil: apesar de o governo (PSDB) apontar o novo trecho do Rodoanel como seguro, obras de segurança ainda são feitas após a inauguração da via, inclusive para o sistema de drenagem.
Nos 12 primeiros dias de uso da estrada, os 61 km do trecho sul registravam 28 acidentes. Alguns por aquaplanagem.
Solução tucana encontrada:
O novo trecho terá instalado um equipamento de medição da velocidade do vento na ponte sobre a represa Billings. Com base nos dados fornecidos pelo aparelho, a Dersa deve determinar possíveis medidas de segurança que podem chegar até ao fechamento da rodovia em caso de ventania.
Quer dizer que se ventar, o Rodoanel fecha?
Perguntar não ofende, nem é crime:
Quem inaugurou a obra às pressas, sem sinalização [inclua-se neste pacote a tal 'nova' Marginal Tietê. Há rumores que pedágios urbanos serão instalados nas novas faixas]?
Quem torrou milhões de reais em propaganda em rede nacional de tv [o comercial lembra o filme Encurralado de Steven Spielberg, 1971] para propagandear uma obra mal feita como de primeira linha?
Estamos encurralados entre centenas de pedágios e sarobeiros que governam São Paulo desde 1994. Literalmente.
- Mas não é só isso. Matéria publicada no caderno Cotidiano:


Promotor pode ir à Justiça para fechar parque
Cem dias completados hoje, um parque que custou R$ 2,5 milhões em região de classe média de São Paulo acumula mato alto, sujeira, entulho, portas e arquibancadas quebradas, vias inacabadas, falta de funcionários e, por fim, um problema com o Ministério Público Estadual, que acaba de pedir a interdição da nova área de lazer.
No local, não há vigilantes, a sujeira e o entulho estão por toda a parte. No campo de futebol, o mato está alto e, ao lado, há pedaços de uma arquibancada de concreto quebrada. Alguns banheiros químicos têm portas quebradas.
A cerimônia de entrega do parque Leopoldina-Villas Bôas teve o então governador José Serra (PSDB), hoje candidato à Presidência, e o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Na realidade, grande parte da estrutura de lazer -como campos e quadras- já existia e era usada por servidores da Sabesp, estatal que ainda ocupa parte da área.

Gastaram 2,5 milhões de reais para inaugurar e abandonar algo que já existia?
Refrescando a memória: Serra foi eleito prefeito da capital paulista em 2005 e jurou que cumpriria seu mandato até o final.
Não o fez. Abandonou a prefeitura, virou as costas aos eleitores que o elegeram e sagrou-se governador em 2006.
Deixou em seu lugar seu vice Kassab (DEM), eleito prefeito em 2008, do mesmo partido de Arruda e os panetones de Brasília. São as bandeiras partidárias que comporão a chapa do candidato tucano à presidência.
Ontem, 16/04:

Peritos do IC são suspeitos de vender laudos
Ao menos quatro peritos do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo estão sendo investigados pela suspeita de fraude em laudos que beneficiariam o Consórcio Via Amarela, que constrói uma linha do metrô, e a Igreja Renascer em Cristo.

As suspeitas apontam que laudos reduziriam a responsabilidade do consórcio pelo acidente na obra do Metrô em Pinheiros, que deixou sete mortos em janeiro de 2007, e da Renascer, em razão da queda do teto do templo no Cambuci, onde nove pessoas morreram e centenas ficaram feridas em janeiro do ano passado.
E aquele concurso público paulista ao cargo de perito do IC que aprovou candidatos que não sabiam onde se localizava o estado da Bahia? Como ficou a investigação?

Em tempo
- Uma reportagem sobre a morte de abelhas em Leme (SP) foi a principal manchete na abertura de um telejornal regional no último sábado (17/04) na região de São Carlos (SP). Que dó das operárias do mel. A manchete poderia ser: "Assassinato de abelhas em Leme: marimbondos da região na mira da polícia". E na semana que vem: "Operação policial prende quadrilha de marimbondos suspeita da morte de abelhas em Leme".
- Esta semana também foi marcada por outra sensacional  matéria sobre o início da plantação de batatas em Vargem Grande do Sul e outra cidade próxima. Interessantíssimo para quem a assistiu em Araraquara, onde nada acontece.
- Sem contar aquela do bezerro supostamente albino e sobre os preparativos da festa do milho no distrito de uma cidade.
- Com 11 a 14 minutos que a cabeça de rede da emissora global destina às afiliadas, como produzir um telejornal decente? Não há jeito.
Melhor deixar aberto o SPTV da capital, que aproveitaria uma ou outra matéria relevante do interior. Seria muito mais interessante.

domingo, 18 de abril de 2010

Rápidas & Ácidas

- Rua Voluntários da Pátria com a Avenida Barroso:
fiz esta imagem sábado, 10/04/10, às 13h19.
Duas observações: a prefeitura instalou novas lixeiras em vários pontos com grande movimento, mas a responsabilidade em esvaziá-las é da patrocinadora ou da limpeza pública?
E quem foi o espertalhão que entupiu com uma só caixa de papelão todo o espaço para acondicionar papéis de bala, copos plásticos e outros detritos miúdos?
Repare nos destaques em preto das fotos abaixo que se trata da caixa de um sorvete Nestlé chamado Sem Parar Pops (é só copiar as fotos em seu computador, visualizar imagens e dar zoom para ter certeza).
Pode ter sido dispensado por algum comerciante próximo ou mesmo o entregador da Nestlé, que não quis ter trabalho de recolher o papelão após arrumar os potes no freezer, crente que algum coletor de material reciclável se interessasse ao passar pelo cruzamento.
É muito individualismo. É o mesmo tipo de gente que xinga os políticos, fala mal da prefeitura e dá o péssimo exemplo na primeira esquina.
Pior: essa gente também vota. Até sexta-feira (16/04) às 13h15 o cenário era o mesmo.
- Vira e mexe recebo emails com imagens feitas pelo Brasil com letreiros, placas e anúncios assassinando a língua portuguesa.
Essa imagem cliquei no banheiro de um bar no centro de  Araraquara mesmo.
Foi sexta à noite.


sábado, 17 de abril de 2010

Maionese

Dia desses estava no centro de Araraquara (SP) e com o forte calor dos últimos dias do verão, decidi tomar vitamina em uma lanchonete.
Por três vezes retornei ao mesmo comércio para matar a sede e a fome até o almoço, já que cumpria algumas tarefas pessoais na região.
Conversando com a proprietária, soube que havia adquirido o ponto comercial há três meses. Aprovei a bebida, o preço e atendimento até então.
Sempre existe o 'até então'.
Da última [e foi mesmo a última] vez, convidei Rosi a conhecer o lugar, pois estávamos no trecho da Rua Nove de Julho fazendo algumas compras e estava calor, como sempre.
Ela relutou um pouco em aceitar meu convite, mas cedeu.
Aquele não era o dia. Ou era para nunca mais ser novamente.
A proprietária, que tão bem me atendeu nas outras ocasiões não estava naquela manhã.
Percebi que o atendimento estava bastante atrapalhado. Os balconistas pareciam fazer o que bem entendiam.
De qualquer forma, pedimos suco e pão de queijo.
A fornada saía naquele exato momento.
Pensei: que sorte!
Em uma mesa, enquanto comíamos e tomávamos os sucos, olhamos o balcão, e atrás dele, uma cena de fazer brochar até uma cadela no cio: a funcionária abastecia uma bisnaga de maionese sem luvas, derramando metade das colheradas em cima da mão que segurava a bisnaga.
O restante mergulhava no balde plástico e retornava ao talher.
Para mim a ausência da comerciante foi decisiva para que aquela balbúrdia se instalasse nas mãos dos funcionários.
Uma catástrofe.
Infelizmente o setor de comércio e serviços araraquarense ainda caminha de forma mambembe. Teima em não aprimorar, pois alguns creem que treinamento não é investimento; é gasto.
Se fosse um visitante, apenas de passagem pela cidade, qual impressão carregaria e transmitiria aos outros sobre o que vivi aquele dia?
Como diz minha amiga paulistana Paula: "Ai, que nojo!"

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Rápidas & Ácidas

- Dar direito de voto ao preso é um insulto ao nosso Q.I.: somos obrigados a sair de casa para 'exercer a cidadania' e participar -sem outra alternativa-, de uma tal 'festa da democracia', sob o risco de sermos punidos caso não nos apresentemos à Justiça Eleitoral, como se estivéssemos sendo caçados por termos nascido nessa ex-colônia portuguesa [qual minha parcela de culpa?].
- Os presos não necessitam se vestir decentemente e se dirigir ao local de votação: as urnas irão até eles, aumentando o risco de motins, fugas e rebeliões para melar a 'festa do voto'.
- Mesmo algemados eles ajudarão a eleger aqueles [não todos, pois os bons são minoria] que nos roubarão descaradamente por mais quatro anos.
- Repito: justifico meu voto. Arrependi em ser fiador de inquilino trambiqueiro.
- Tem razão Macaco Simão em 14/04/2010 em sua coluna na Folha de SPaulo:

"E diz que a presidente do Sindicato das Prostitutas foi fazer um discurso em Brasília, mas não sabia como começar. Aí, falaram pra ela: "Começa como quiser". E ela: "MEUS FILHOS...!".

terça-feira, 13 de abril de 2010

Arruda sai da cadeia

Um estrangeiro, ao ver as imagens do ex-governador José Roberto Arruda ontem (12/04), pode perguntar se é algum náufrago resgatado do mar ou alguém que ficou perdido dois meses na selva amazônica, amparado por sua esposa e equipes de socorro.

Talvez se surpreenda ao saber que se trata da soltura -sob aval da justiça-, do ex-governador da capital do Brasil, investigado e preso como líder de um esquema portentoso de corrupção, mas conduzido ao poder com o voto do eleitor.
Somos mesmo o país da piada pronta, como escreve José Simão.
Por isso reafirmo minha convicção em justificar o voto.

Rápidas & Ácidas

- Nessas idas e vindas de São Paulo por conta do tratamento quimioterápico, fico asustado com as reportagens levadas ao ar no jornalismo regional do interior.
- Na semana que passou assisti, intrigado e curioso, um repórter que foi deslocado para mostrar um bezerro supostamente albino, nascido em uma cidade da região.
Despertou tamanho interesse em mim que não me contive  de espanto e alegria com um fato tão chamativo: um bezerro albino na região central do estado de São Paulo!
Na edição, entrevistas com o proprietário do animal, um biólogo e um técnico agropecuário.
Todo aquele carnaval de quase 90 segundos para se concluir, lavando as patas e examinando a pelagem do animal, que NÃO se tratava de um bezerro albino.
Oh! Não dormi aquela noite, só em pensar que isso ocorre raramente, a cada zilhões de bezerros nascidos pelo planeta. Tadinho dos bezerros albinos. Vou abrir uma ONG em defesa dos bichinhos.
O 'mesão' (reunião de pauta para definir assuntos de um jornal) estava fraquinho aquele dia. Sobrou para o bezerro não albino virar estrela de um jornal de televisão regional. Só faltou ele conceder entrevista. Bééé...
- Mas para fechar a semana, o noticioso estava inspirado: sábado à noite saboreei as imagens dos preparativos da festa das delícias do milho em um distrito de São Carlos.
Não é melhor deixar aberto para o interior as duas edições do jornal veiculado na praça paulistana da emissora global?
Vez ou outra uma notícia mais séria dos nossos rincões pode 'subir' (interessar) e, quem sabe, virar matéria estadual? Menos a do bezerro e da festa do milho, por favor.
Ou então, que tal cada afiliada se dividir em mais emissoras?
É impossível informar (bem) mais de 40 cidades sintonizadas em uma só emissora regional, mera repetidora de uma rede nacional.
Que interessa ao telespectador em Matão, Santa Lúcia, Rincão e Araraquara saber sobre o problema da batata mal crescida em Vargem Grande do Sul?
Qual comerciante de Santa Cruz do Rio Pardo não percebe que joga dinheiro fora anunciando as ofertas de seu mercado ao mesmo tempo em Boa Esperança do Sul? Ou ele acha que algum louco sairá de Ribeirão Bonito para conferir as ofertas em outra cidade tão distante?
Nosso trabalho de conclusão de curso de jornalismo (TCC) focou a questão com o video 'Fronteiras em Pauta'.
Corre-se o risco, do jeito que está acéfalo o telejornalismo,  de assistirmos manchetes nacionais assim:
-'Um bezerro albino intriga o interior de São Paulo'. Ou:
-' Exclusivo: imagens da preparação da festa das delícias do milho em um distrito de São Carlos'.
Pasmém.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Rápidas & Ácidas

- A semana terminou com destaque para esta opinião publicada no Painel do Leitor da Folha de SPaulo em 8 de abril:
Campanhas
"No editorial "Chega de saudade", a Folha diz que Dilma Rousseff "erra ao voltar-se para o passado". Mas, em contradição explícita, conclui que o governo Lula teve méritos inegáveis, "muitos deles, é forçoso reconhecer, nasceram de sementes plantadas no passado".

Então, passados são assim: o da Dilma irrita a Folha; o da Folha agrada o Serra. Diante disso, seria mais elegante que o jornal assumisse, editorialmente, seu apoio à candidatura de oposição."


LÚCIO FLÁVIO V. LIMA (Brasília, DF)
 
Para quem não leu ou não teve a oportunidade de tomar conhecimento do tal editorial publicado em 7 de abril, aqui está:
Chega de saudade

A candidata oficial erra ao voltar-se para o passado com o intuito de forjar uma revanche na disputa particular de FHC e Lula

EM SEU PRIMEIRO discurso depois de deixar a Casa Civil, a candidata Dilma Rousseff insistiu na tentativa de comparar o atual governo com o anterior.
Não se sabe o que pesa mais nessa estratégia enviesada, se a obsessão íntima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de se medir com o antecessor Fernando Henrique Cardoso ou a percepção de que é mais vantajoso para a representante da situação transformar eleições que decidem o futuro do país em avaliação de fatos passados.
Não é demais lembrar que um brasileiro com 18 anos completados em 2010 comemorava 10 ao término do governo FHC -e era uma criança de dois anos quando o sociólogo tucano assumiu.
Esse hipotético cidadão não terá idade para lembrar em que país se vivia no início da década de 90. Mas, se procurar informações, saberá que coube a FHC, na sequência do impeachment de Fernando Collor, e ainda no governo de Itamar Franco, lançar um plano -depois de várias tentativas frustradas- capaz de superar o perverso ciclo hiperinflacionário que havia anos dilapidava a economia popular e impedia o desenvolvimento do país.
Se pretende incursionar pelo passado, poderia a candidata lembrar a seus potenciais eleitores que o Partido dos Trabalhadores negou sustentação ao presidente Itamar Franco e bombardeou o Plano Real. Ou seja, opôs-se de maneira pueril e ideológica a uma das mais notáveis conquistas econômicas da história moderna do país, que propiciou aos brasileiros pobres benefícios inestimáveis, sob a forma de imediato aumento do poder aquisitivo e inédito acesso ao sistema bancário.
Sabe bem a ex-ministra que se alguém nesses anos mudou de pele foi antes o PT do que o PSDB. O que terá sido a famosa "Carta aos Brasileiros" senão uma providencial e pública troca de vestimenta ideológica do candidato Lula -que, eleito, sob aplausos do mundo financeiro, indicou um tucano para o Banco Central (agora no PMDB) e um ex-trotskista com plumagem neoliberal para a Fazenda?
É um exercício vão buscar comparações e escolhas plebiscitárias entre gestões que se encadeiam no tempo. Os avanços e problemas de uma transformam-se em acúmulo ou em fatos acabados na outra. Ou será que faz sentido questionar como teria sido a gestão lulista se tivesse de formular um plano para vencer a hiperinflação, precisasse sanear instituições financeiras públicas e se visse obrigada a estancar uma crise sistêmica dos bancos privados nacionais?
O Brasil precisa pensar e agir com olhos no futuro. Nada tem a ganhar com a tentativa da candidatura governista de forjar uma revanche de disputas pretéritas. Se o presidente Lula não venceu a contenda com Fernando Henrique Cardoso em 1994 não será agora que o fará -pelo simples motivo de que nenhum dos dois é candidato. O governo que se encerra neste ano teve méritos inegáveis, mas muitos deles, é forçoso reconhecer, nasceram de sementes plantadas no passado.

Interessante observar que abaixo da manifestação do leitor em 8 de abril, há a seguinte opinião:
Papel


"Em nome das empresas de celulose e papel, cumprimento a Folha pela iniciativa de utilizar, na produção do jornal, papel originado de projetos certificados de manejo florestal ou de reciclagem ("Impressão sustentável avança em jornais", Dinheiro, 27/3).
É gratificante acompanhar a adoção crescente pelos veículos de comunicação impressa de aspectos da sustentabilidade do papel. A iniciativa responde aos anseios da sociedade, cada vez mais consciente a respeito do papel dos indivíduos e das organizações na preservação do meio ambiente, e demonstra o compromisso da Folha com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente.
Ressaltamos também a importância de divulgar aos leitores, com clareza e transparência, informações sobre a impressão sustentável.
O Brasil é referência mundial nessa área, e estamos empenhados em mostrar esse diferencial aos brasileiros."


HORACIO LAFER PIVA , presidente do conselho deliberativo da Bracelpa -Associação Brasileira de Celulose e Papel (São Paulo, SP)

Outro dia havia blogado sobre um 'inocente' almoço na Folha, em que participaram representantes de uma construtora, uma petroquímica e diretores do jornal.
Coincidentemente, a associação que está à frente dos fornecedores de papel para jornais impressos se manifesta  assim, sem querer querendo, dias após o almoço?
E mais: o Estadão passou por uma nova reformulação desde 2004.
A Folha havia anunciado a sua repaginação para maio, um pouco antes dos Mesquita soltar a sua em intervalo de poucos dias. Disputa por leitores, pura e simples? Que interessante...
A grande imprensa está (supostamente) alinhada com um dos pré-candidatos à Presidência?
Façam isso de forma assumida e objetiva! Defendam abertamente seus interesses! Há algo para esconder nestes interesses?

domingo, 11 de abril de 2010

Sushi

Sushi faz bem.

Matéria publicada na Folha de SPaulo, em 09/0/2009, na página Ciência:

Bactéria ajuda japonês a digerir sushi melhor do que ocidental
Micróbio em estômago de nipônicos permite extrair mais nutrientes de alga


RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cia. Oriental, Liberdade, SP (18/02/10)

A alga marinha que envolve o sushi pode ser igualmente saborosa para um japonês ou um ocidental. Mas o nipônico vai retirar muito mais nutrição dela do que qualquer outro ser humano. Centenas de anos de consumo de algas marinhas alteraram o organismo dos japoneses a ponto de facilitar a digestão desse ingrediente.
As responsáveis foram agora identificadas por uma equipe de pesquisadores na França: bactérias do intestino que adquiriram genes comuns em suas primas que vivem nos oceanos. Os genes são a receita para a produção de enzimas que facilitam a digestão das algas pelas bactérias -no mar ou na barriga de um japonês.
Os trilhões de bactérias presentes no intestino são os amigos mais próximos e mais úteis dos seres humanos. Como lembra o grupo de Mirjam Czjzek, da Universidade de Paris 6, em um artigo na edição de hoje da revista científica "Nature", esses micróbios suprem seus hospedeiros com energia ao usar enzimas que estes não fabricam para quebrar alimentos.

Evolução conjunta
Bactérias intestinais e humanos têm evoluído juntos, em benefício mútuo. Uma estratégia de sucesso no ecossistema do intestino é se tornar proficiente em usar os nutrientes que o hospedeiro consome.
Foi o que fez uma bactéria "esperta", a Bacteroides plebeius. Ela adquiriu genes para digerir as algas marinhas do gênero Porphyra. Nenhuma outra bactéria do mesmo gênero consegue fazer isso.
Os cientistas concluíram que a Bacteroides plebeius obteve os genes por "transferência lateral" -o empréstimo um trecho de DNA adquirido diretamente- de bactérias marinhas presentes nas algas.
O resultado é um elegante exemplo da importância de hábitos culturais na evolução biológica. As bactérias se adaptaram ao ambiente intestinal repleto de uma fonte nova de alimento. E tinha que ser no Japão. Registros indicam que as algas já eram usadas ali no século 8º. E o japonês de hoje consome 14 gramas de algas por dia, um recorde mundial.

sábado, 10 de abril de 2010

Chico Xavier

Noite fria de sexta-feira (09/04) em Araraquara.
Uma semana após a estreia, Rosi e eu decidimos assistir ao filme sobre Chico Xavier, que leva o mesmo nome.

Filme nacional: cáca? Em termos...
O cinema brasileiro sempre foi marcado, em minha memória, pela baixa qualidade de suas produções. De um  Mazzaropi, passando pelos Trapalhões, Xuxa, Dona Flor E Seus Dois Maridos às pornôchanchadas com Helena Ramos, Matilde Mastrangi, Nuno Leal Maia, tudo muito mambembe.
Melhorou nos últimos 15 anos? A entrada das Organizações Globo na área enriqueceu e elevou o nível dos filmes, atraindo um público que sempre torceu o nariz aos filmes tabajaras. Incluo-me no time. Há boas produções, mas muita porcaria ainda insiste invadir as telonas e ludibriar o público.
Só um marciano para achar que 'Xuxa e o mistério de Feiurinha' é um filme magnífico.
Tropa de Elite é um exemplo a ser festejado. Chico Xavier cumpre seu papel de mais novo blockbuster (estouro de bilheteria, arrasa-quarteirão).
Baseado no livro 'As vidas de Chico Xavier', de Marcel Souto Maior, o filme conta com estrelas de primeira grandeza e teve o mérito de encontrar atores com feições semelhantes às de Chico em suas várias fases retratadas.
Vale a pena.

Religiosidade
Sou suspeito para tecer qualquer comentário a respeito do filme e Chico Xavier, pois deixei o catolicismo há muitos anos, depois da primeira cirurgia (2002).
Os escabrosos casos de pedofilia, o incompreensível celibato, a temeridade a Deus, os dogmas e muitas perguntas sem respostas lógicas abriram o caminho da mudança, sempre respeitando quem ainda segue e pratica a fé católica.
Vez por outra assisto missa dominical da igreja católica, minha formação familiar [algo parecido como relembrar tempos de infância].

Seicho-No-Ie
Também assimilei muitos ensinamentos em contato com a seita Seicho-No-Ie, pois meu avô materno seguia e era preletor de uma das unidades na capital paulista.
Antes que me perguntem, não tenho parentesco com o fundador da seita, Massaharu Taniguchi, apesar do sobrenome idêntico.

Umbanda e descarrego
Em uma ocasião, quando criança, acompanhei uma sessão mediúnica mais voltada à umbanda, inclusive recebendo 'passe' com baforadas de cigarro pelo corpo.
Após o término fui perguntar à médium onde ela ficava quando incorporava um espírito. Isso aos dez anos...
Já adulto, conheci, pelos idos de 1994, o banho de descarrego [creio que seja isso] de Pai Sílvio em Araraquara (SP), utilizando pipoca, canjica, pétalas de flores e sal grosso.

Kardecismo
Já no início deste século o contato semanal com o kardecismo se intensificou aos sábados, quando o professor Ruy Gibim fazia uso de seus cinco minutos para responder questionamanentos a respeito do espiritismo nos instantes finais do jornal [que também era levado ao ar aos sábados].
Após a primeira cirurgia, uma brain storm (tempestade cerebral, o tal flash que nos dá em momentos criativos ou de inspiração) me direcionou de vez ao kardecismo, mas não nego minhas raízes católicas. Já fiz tratamento espiritual.
Respeito a religião, o credo (ou a descrença) de cada um. Convicções a respeito disso são personalíssimas e não é minha intenção doutrinar ninguém, fique bem claro.
Apenas considero-me ecumênico para falar com Deus. Quando faço, prefiro o silêncio, tal qual em 'Se Eu Quiser Falar Com Deus', de Gilberto Gil.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Rápidas & Ácidas


Revista Veja:
- No início deste 2010, uma extensa reportagem com o 'Perfil' de José Serra, com fotografia posada e tudo mais.
Esta semana, nas páginas amarelas, entrevista com Aécio Neves e uma matéria sobre as eleições: 'O tucano [José Serra] alça voo'.
Faltou explicar que antes de alçar o tal 'voo' precisava ter construído e sinalizado por completo as obras do Rodoanel sul e da Marginal do Tietê, além das prometidas estações de metrô paulistano que estouraram os prazos.
Parece aquela criança mimada que deixa todos brinquedos no chão da sala ao saber que vai passear com os pais.
Ainda tem quem acha o máximo criar opinião lendo Veja e Estado.
Além disso, muitos estudantes de jornalismo postam na imagem desses dois péssimos exemplos o sonho de se trabalhar em um jornal.

-Quinta-feira, 1o de abril, Folha de SPaulo, coluna Painel de Renata Lo Prete, no caderno Brasil:

Visita à Folha. Marcelo Odebrecht, diretor-presidente da Odebrecht S.A., visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Marcos Wilson, diretor de Relações Institucionais da Odebrecht S.A., e Marcelo Lyra, diretor de Relações Institucionais da Braskem S.A.

Construtoras, bancos, petroquímicas e grandes grupos de comunicação: todos suspostamente em um ingênuo almoço, a poucos meses da eleição...
Todos prestes a decolar no voo tucano?
Quem explica os 240 milhões de reais previstos para se gastar na campanha de cada um dos principais candidatos?
- Justifico meu voto e durmo tranquilo.

- Charge publicada hoje (05/04) no caderno Ilustrada da Folha: