quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Meu avô, baleado...

Lembro-me até hoje. A imagem não sai da memória. Jamais.
1986. Era sábado de carnaval.
Meus avós costumavam sair nas primeiras horas da manhã para pescar.
Enquanto ajeitavam as tralhas de pesca no carro, foram rendidos por dois assaltantes.
Um deles, armado com um revólver, não contava com a reação de meu avô, que deve ter pensado -naquele instante-, em quem ainda dormia naquele momento: meus pais, meu irmão e eu.
Reagiu diante da vontade dos ladrões quererem entrar em casa. Um disparo e a fuga deles, sem nada levar.
Acordei com minha avó (hoje com 91 anos) entrando em casa aos berros de "ladrão, ladrão!"
Enquanto meu pai se apressava em ligar 190, corremos até à varanda.
Do alto, a cena: meu avô, caído na calçada, ao lado do carro aberto, ensanguentado. Os vizinhos saindo para verificar o que havia ocorrido.
O que pensei na hora?
Em pena de morte para quem fez aquilo.
A PM chegou cerca de dois minutos após em três Opalas Diplomata branco e cinza claro.
Meu avô, mesmo baleado, insistia para que fosse levado para dentro de casa, para ser tratado do ferimento.
Só mesmo a calma dele para sugerir isso. Foi colocado  no carro e levado às pressas ao Hospital Modelo, o mais próximo.
Submetido à cirurgia, perdeu um dos rins e o baço.
Tempos depois o assaltante que atirou, -e conhecia meu pai de vista-, veio pedir desculpas pelo ocorrido naquela manhã.
Alegou que não iria tentar o roubo quando passava e viu meus avós carregando o carro, mas o comparsa que estava com ele decidiu pelo assalto.
Bonzinho esse assaltante!
Meu pai disse que estava tudo bem. Ele foi embora.
O assaltante, conhecido nas redondezas por Washington,  sempre desfilava com uma moto diferente, novinha.
Não passou um ano e meu pai soube que Washington morreu numa troca de tiros em acerto de contas no Jardim Ângela.

2004, a mesma situação
Em 2004 uma dupla armada pulou o portão da garagem com o mesmo intuito e tentou obrigar meu pai a levá-los para dentro de casa. Foi agredido a coronhadas.
Os ladrões fugiram sem nada e meu pai entrou em casa sangrando muito na cabeça. Minha mãe o socorreu.

Comigo, duas vezes
Era 1982. Estava no apartamento de um colega de escola fazendo um trabalho.
Precisamos sair para comprar papel almaço.
A papelaria ficava a 300 metros. No caminho, cerca de dez trombadinhas me cercaram. Fui jogado ao chão e roubaram meu par de tênis.
Ainda tentei segurar um deles, que estava com um dos pés, mas fui agredido com o calçado até soltá-lo, veja só.
Meu amigo conseguiu entrar em uma loja segundos antes.
Voltei com um par de chinelos emprestado pelo pai do meu colega, que me levou para casa e explicou à minha mãe o que houve.
Tive ainda que ouvir bronca de meu pai por ter deixado me roubarem. (Risos)
A segunda vez fui atacado por seis trombadinhas ao descer do ônibus, vindo da escola, já perto de casa.
Armados com pedaços de madeira, levaram o troco da passagem.
O dono de uma quitanda assistiu tudo e levou um dos meninos até a porta de casa, perguntando o que havia ocorrido.
Com medo de represália, respondi negativamente.
Meu pai me deu outra bronca ao saber da história (risos), mas resolveu agir a seu modo.
Durante mais de uma semana ele me buscava na porta do colégio e rondávamos de carro as ruas próximas onde fui roubado.
Pediu que, assim que identificasse qualquer um dos integantes do bando, apontasse para ele.
Confirmei, sem sombra de dúvida, em duas ocasiões.
Na primeira meu pai parou o carro no meio da praça ao lado da Escola Caetano de Campos, aproximou-se de um garoto que andava pela praça e chamou-o.
Ao virar, levou um soco certeiro na boca. Meu pai voltou para o carro tranquilamente, fechou a porta, deu partida e falou:
- "Um já aprendeu."
O golpe foi forte suficiente, pois ainda pude vê-lo se agachar e cuspir sangue e alguns dentes.
Dois dias depois, mais do mesmo: outro com a boca arrebentada.
Meu pai ainda não havia dado por satisfeito. Conversou com o dono da quitanda, que indicou -sob condição de sigilo-, onde morava o líder da gangue.
Fomos recebidos pelo irmão mais velho de 'Marcinho' [o primeiro nocauteado], que prometeu conversar com a mãe e tomar providências.
Meu pai deixou o endereço para que ela nos procurasse. Mesmo sendo na rua de cima, nunca apareceu aqui.
Os filhos eram uma grande porcaria mesmo.
Cheguei a cruzar 'Marcinho' na rua, mas ele sempre abaixava a cabeça ou atravessava para a outra calçada ao me ver.
Quase dez anos depois soube que 'Marcinho' foi despachado para o quinto em tiroteio com a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).
Entenderam por que defendo a pena de morte.
Para dar o exemplo, os estreantes da pena capital devem ser os criminosos de 'colarinho branco': políticos corruptos, banqueiros que fogem do país e deixam milhares no prejuízo, traficantes e usuários e droga, estupradores, ladrões e estelionatários de qualquer tipo. Com transmissão ao vivo pela tv.
E para agradar os descontentes: ongs de direitos humanos e cientistas sociais que vivem do dinheiro público encastelados em núcleos de estudos da violência das universidades públicas: vão para a Indonésia e provem que os brasileiros presos por tráfico de cocaína não são escória e não merecem estar no corredor da morte.
Destino de ladrão e gente safada é esse.

Um comentário:

  1. Como já te disse uma vez, sou católica, apostólica, romana e praticante, porém tem 3 coisas que não perdoo a Igreija de ser contra:
    1 - sou a favor de pena de morte com estuprador, assassino e crimes hediondos (nossa que horror essa palavra, gosto mais de ediondos),
    2 - porque padre não pode casar? Afinal o primeiro papa era casado (São Pedro),
    3 - porque não ter controle de natalidade e portanto evitar familias numerosas com crianças morrendo de fome?
    Acho que a igreja deve se modernizar pois naquele tempo não se previa tantas falcatruas que hoje existem.

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