sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

TV Anglo

fotos Álvaro Taniguti

Ilha de edição U-Matic da TV Anglo Latino (uma delas)

Esta noite sonhei com o colégio onde estudei [76 a 89], o Anglo Latino, no bairro da Aclimação em São Paulo (SP).

Até onde sei, problemas administrativos [leia-se dívidas de todo tipo] levaram-no à falência. Uma pena, pois foi um gigante que 'abraçava' aos poucos os imóveis das proximidades.
Construiu, em 87, um estúdio de televisão (pelo qual era fascinado) com equipamentos de ponta na época [padrão Umatic, fita com bitola bem maior que o VHS, uso profissional].
Marcava presença quase diária (por curiosidade e insistência), mas o máximo que consegui naquele espaço foi fazer umas fotos pessoais, gravar umas caretas para uma videoaula, ver o pessoal trabalhar nas ilhas de edição, além de assistir o coordenador gravar uma externa no parque da Aclimação.
Ele era professor de matemática. A diretoria da escola o incumbiu do projeto. Era técnico demais, percebia nele muito mais teoria do que prática, que os editores (um deles oriundo da Rede Bandeirantes) e o câmera tiravam de letra.
Qual o acerto não sei, mas nas mãos dele -dividindo o tempo entre a matemática e a produção televisiva-, a produtividade era um 'nx zero à esquerda', mesmo na minha visão de adolescente apaixonado por rádio e televisão, porém sem experiência.
Aquele esquema burocrático emperrou projetos como instalar televisores nas salas e nos pátios 'transmitindo' uma programação interna, comum nos dias atuais em um shopping, através de telas LCD.
Como a demanda financeira da ideia megalomaníaca era alta, limitaram-se a montar racks com um televisor e videocassete por andar, para uso em aula.
O estúdio ficou lá, subutilizado. Um desperdício, mesmo diante do recuo da proposta inicial.
Experimente tirar um jornalista da redação e jogá-lo num escritório de engenharia para erguer um prédio. Era a situação dele, o professor dos números.
Terminei o colegial em 89, prometendo nunca mais colocar os pés por lá. Hoje, nem se quisesse. Concretaram todas paredes, portas e portões.
No sonho desta noite, encontrei o lugar em seu último dia de funcionamento. Os porteiros permitiram entrar e percorrer alguns lugares marcantes. Estive na biblioteca, quadra, uma das piscinas infantis que mergulhei quando criança, cantina, salas onde estudei, além da tv, lógico.
Mas era uma sensação estranha, ar de abandono, semelhante ao Titanic nas profundezas do oceano.

Um comentário:

  1. Eu votava lá. E todas as vezes que entrei, mesmo com o prédio ainda na ativa, senti uma angústia, mas pode ter sido só nostalgia. Não gosto de me sentir assim nostálgica. Faz mal e não adiciona em nada. Mas fez parte de nossas vidas não é mesmo? E como tudo na vida, também acabou. Grande beijo pra vc ;)

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