quarta-feira, 3 de março de 2010

País caliente?

Há alguns anos li uma reportagem sobre uma tese de mestrado sobre as novelas brasileiras. Ela comprovava o gosto do povo pelas ficções televisivas.
No item qualidade técnica não há como superar a vênus platinada do Botânico carioca.
Questiono: assim como o BBB, o produto brasileiro está cada vez mais focado na liberalidade ou na promiscuidade?
Moralismos à parte, nossa fama de povo receptivo e aberto é vendida sob a embalagem carnavalesca de mulheres nuas e supostamente dispostas a qualquer galanteio sexual. É o país do 'tudo pode, nada errado nisso'.
Imagine pais e filhos conversarem tranquilamente -durante um café da manhã-, sobre seus relacionamentos 'incomuns', como o do personagem Jorge (Mateus Solano) em Viver a Vida, que se envolve com uma garota de programa?
Na trama de Manoel Carlos, a intenção seja talvez a de fomentar um debate sobre o tabu que cerca este modo de vida, assim como a novela Paraíso Tropical [de Gilberto Braga], em que a prostituta vivida por Camila Pitanga se relaciona com o personagem de Wagner Moura.
O abismo de posições sociais é o ponto de partida para uma discussão e, quem sabe, quebra de preconceitos?
O tema teria espaço em sua casa, num almoço de domingo, por exemplo?
Qual a maneira de introduzir os mais novos nessa conversa?
Outra ideia, romantizada pela cabeça de Maneco é: as(os) que sobrevivem desta forma seriam seres carentes de afeto e um amor verdadeiro? Seria uma máscara para justificar os fins ($)?
Há exemplos da vida real em que homens resgataram mulheres 'da vida' para uma convivência marital. Alguns casos descambaram, pura e simplesmente, para a violência doméstica, quando o glamour apresentado em 'Uma linda mulher' (Pretty Woman, 1990) se choca com o dia a dia e finalizam em tragédias, muitas vezes.
Exemplo diferente é o do ator inglês Jason Statham (Carga Explosiva 1,2 e 3) que namora uma ex-garota de programa.
Sem contar as dublês de modelo 'descobertas' em casas noturnas que se expõem ginecologicamente em revistas masculinas de terceira, almejando um reality show por mais 15 minutos de fama e 'oportunidades' na carreira artística.
Na outra ponta e do outro lado do planeta, novelas japonesas tratam temas sensíveis sem a libertinagem e malandragens típicas de Zés Cariocas.
É o caso de 'Beautiful Life' (2000), da emissora nipônica TBS, que retrata o drama de Kyoko, uma bibliotecária paraplégica.
Novela é ficção, fuga. Aproximar-se da realidade não é conveniente.
Refletir, quem sabe?


Para saber mais

http://www.youtube.com/watch?v=aVOfrz9NkEs&feature=related

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