segunda-feira, 12 de abril de 2010

Rápidas & Ácidas

- A semana terminou com destaque para esta opinião publicada no Painel do Leitor da Folha de SPaulo em 8 de abril:
Campanhas
"No editorial "Chega de saudade", a Folha diz que Dilma Rousseff "erra ao voltar-se para o passado". Mas, em contradição explícita, conclui que o governo Lula teve méritos inegáveis, "muitos deles, é forçoso reconhecer, nasceram de sementes plantadas no passado".

Então, passados são assim: o da Dilma irrita a Folha; o da Folha agrada o Serra. Diante disso, seria mais elegante que o jornal assumisse, editorialmente, seu apoio à candidatura de oposição."


LÚCIO FLÁVIO V. LIMA (Brasília, DF)
 
Para quem não leu ou não teve a oportunidade de tomar conhecimento do tal editorial publicado em 7 de abril, aqui está:
Chega de saudade

A candidata oficial erra ao voltar-se para o passado com o intuito de forjar uma revanche na disputa particular de FHC e Lula

EM SEU PRIMEIRO discurso depois de deixar a Casa Civil, a candidata Dilma Rousseff insistiu na tentativa de comparar o atual governo com o anterior.
Não se sabe o que pesa mais nessa estratégia enviesada, se a obsessão íntima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de se medir com o antecessor Fernando Henrique Cardoso ou a percepção de que é mais vantajoso para a representante da situação transformar eleições que decidem o futuro do país em avaliação de fatos passados.
Não é demais lembrar que um brasileiro com 18 anos completados em 2010 comemorava 10 ao término do governo FHC -e era uma criança de dois anos quando o sociólogo tucano assumiu.
Esse hipotético cidadão não terá idade para lembrar em que país se vivia no início da década de 90. Mas, se procurar informações, saberá que coube a FHC, na sequência do impeachment de Fernando Collor, e ainda no governo de Itamar Franco, lançar um plano -depois de várias tentativas frustradas- capaz de superar o perverso ciclo hiperinflacionário que havia anos dilapidava a economia popular e impedia o desenvolvimento do país.
Se pretende incursionar pelo passado, poderia a candidata lembrar a seus potenciais eleitores que o Partido dos Trabalhadores negou sustentação ao presidente Itamar Franco e bombardeou o Plano Real. Ou seja, opôs-se de maneira pueril e ideológica a uma das mais notáveis conquistas econômicas da história moderna do país, que propiciou aos brasileiros pobres benefícios inestimáveis, sob a forma de imediato aumento do poder aquisitivo e inédito acesso ao sistema bancário.
Sabe bem a ex-ministra que se alguém nesses anos mudou de pele foi antes o PT do que o PSDB. O que terá sido a famosa "Carta aos Brasileiros" senão uma providencial e pública troca de vestimenta ideológica do candidato Lula -que, eleito, sob aplausos do mundo financeiro, indicou um tucano para o Banco Central (agora no PMDB) e um ex-trotskista com plumagem neoliberal para a Fazenda?
É um exercício vão buscar comparações e escolhas plebiscitárias entre gestões que se encadeiam no tempo. Os avanços e problemas de uma transformam-se em acúmulo ou em fatos acabados na outra. Ou será que faz sentido questionar como teria sido a gestão lulista se tivesse de formular um plano para vencer a hiperinflação, precisasse sanear instituições financeiras públicas e se visse obrigada a estancar uma crise sistêmica dos bancos privados nacionais?
O Brasil precisa pensar e agir com olhos no futuro. Nada tem a ganhar com a tentativa da candidatura governista de forjar uma revanche de disputas pretéritas. Se o presidente Lula não venceu a contenda com Fernando Henrique Cardoso em 1994 não será agora que o fará -pelo simples motivo de que nenhum dos dois é candidato. O governo que se encerra neste ano teve méritos inegáveis, mas muitos deles, é forçoso reconhecer, nasceram de sementes plantadas no passado.

Interessante observar que abaixo da manifestação do leitor em 8 de abril, há a seguinte opinião:
Papel


"Em nome das empresas de celulose e papel, cumprimento a Folha pela iniciativa de utilizar, na produção do jornal, papel originado de projetos certificados de manejo florestal ou de reciclagem ("Impressão sustentável avança em jornais", Dinheiro, 27/3).
É gratificante acompanhar a adoção crescente pelos veículos de comunicação impressa de aspectos da sustentabilidade do papel. A iniciativa responde aos anseios da sociedade, cada vez mais consciente a respeito do papel dos indivíduos e das organizações na preservação do meio ambiente, e demonstra o compromisso da Folha com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente.
Ressaltamos também a importância de divulgar aos leitores, com clareza e transparência, informações sobre a impressão sustentável.
O Brasil é referência mundial nessa área, e estamos empenhados em mostrar esse diferencial aos brasileiros."


HORACIO LAFER PIVA , presidente do conselho deliberativo da Bracelpa -Associação Brasileira de Celulose e Papel (São Paulo, SP)

Outro dia havia blogado sobre um 'inocente' almoço na Folha, em que participaram representantes de uma construtora, uma petroquímica e diretores do jornal.
Coincidentemente, a associação que está à frente dos fornecedores de papel para jornais impressos se manifesta  assim, sem querer querendo, dias após o almoço?
E mais: o Estadão passou por uma nova reformulação desde 2004.
A Folha havia anunciado a sua repaginação para maio, um pouco antes dos Mesquita soltar a sua em intervalo de poucos dias. Disputa por leitores, pura e simples? Que interessante...
A grande imprensa está (supostamente) alinhada com um dos pré-candidatos à Presidência?
Façam isso de forma assumida e objetiva! Defendam abertamente seus interesses! Há algo para esconder nestes interesses?

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