sábado, 11 de abril de 2009

Páscoa antecipada


As fotos são ilustrativas e servem para reflexão
Nas primeiras horas da manhã deste sábado (11/04) recebi a ligação de um policial relatando que havia encontrado uma caixa de papelão com vários filhotes de cachorro abandonada no centro e, antes de retornar para a Central de Jornalismo, fui verificar. Ao me aproximar do caixote, era possível escutar o choro desesperado dos oito cãezinhos que foram deixados à própria sorte, provavelmente ao relento da noite anterior, que registrou cerca de 17º C de temperatura mínima. Oito filhotes, desmamados recentemente, lindos por sinal, mistura de alguma raça de grande porte com outra não definida. Mas nessa hora isso não importa. Naquele momento queria salvá-los. Assim o fiz. Não havia ninguém na rua, ainda mais depois de um feriado santo. Cuidadosamente acomodei a caixa dentro do carro e voltei rapidamente para o jornal, já matutando o que fazer para dar uma oportunidade de viverem sob os cuidados de famílias que os recepcionariam com toda a alegria e felicidade possíveis. Também veio à cabeça adotá-los. Mas como? Tenho três lá em casa. Não me importaria em recebê-los por um tempo, afinal tive experiências com duas ninhadas de oito filhotes cada, doando um por um após o desmame a quem eu sabia que teria responsabilidade de criar. Não seria empecilho, mas uma questão de alimentá-los com leite, ração, carinho e adaptar ao convívio com os ‘veteranos’ de casa até que encontrassem um lar definitivo. No caminho tive um estalo e pedi por rádio para que o comunicador do horário nas Rádios Morada relatasse o que havia encontrado e que estariam à disposição para adoção na sede do jornal. Mas ainda me preocupava em saber quem os adotaria e se conseguiria fazê-lo em pouco mais de trinta minutos, tempo médio que fico no ar aos sábados com o noticiário policial. Orientei o porteiro a prestar atenção, analisar os interessados e só entregar os filhotes a quem ele percebesse que cuidaria bem e não os abandonariam na primeira esquina. Minutos antes de entrar no ar, fui avisado que dois já haviam sido adotados. Ouviram o apelo. Alívio. Fiquei contente, mas ainda apreensivo com o resultado final que me esperava, principalmente ao lembrar da expressão de dó dos oito cãezinhos. Reforcei no ar meu pedido e desabafei também, alertando que quem faz isso, também será abandonado no futuro. Aqui se faz, aqui se paga, como dizem. Depois de um feriado santo deparar-se com uma insanidade dessa, só pode ter saído de um excomungado. Encerrado meu noticiário, fui ansioso até a portaria para ver quantos filhotes levaria para casa passar alguns dias. -“Nenhum. Foram todos adotados”, respondeu-me o vigia, todo esfusiante. “Teve quem chegou de mototaxi e ouvintes vindos de Boa Esperança do Sul (SP)”, completou. Mamma mia! Minha expressão de preocupação se converteu em alegria. Sensação de dever cumprido. Mas ficaram algumas lições: Não devemos nunca nos desesperar diante de situações inusitadas e tentar enxergar no horizonte a luz da solução; Saber que não estamos sozinhos e que podemos contar com a solidariedade do ser humano realmente ‘humano’; Que alguns que se intitulam seres humanos não o são. Resumem-se, no máximo, a seres vivos, que ainda precisam progredir muito para não cometerem essas barbáries; A toda ação corresponde uma reação. À esse covarde, cuja única coragem que teve foi abandonar animais indefesos ao léo, não importa saber quem é e o motivo pelo qual o fez: você sentirá na pele o frio, o medo, a fome e o abandono que você submeteu esses oito filhotes que ainda precisavam da presença materna até conseguirem caminhar sozinhos. Só que seu abandono será eterno, vindo da sua família, de seus amigos e da sociedade. Quem sabe assim você aprenda o significado da expressão ‘amigo leal’. Popolim, Celso, Jacó, Vandélson e ouvintes que se sensibilizaram com a história, meu muito obrigado pelo empenho e ajuda para dar uma vida digna aos oito que conheci hoje, mas que agora estão em lares que lhes darão carinho e atenção por toda a vida. Se pequei foi por excesso, não por omissão. Minha satisfação pessoal fez até esquecer a missão de jornalista em fotografar os cãezinhos antes de serem adotados. Por essas e outras surpresas é que vale a pena viver plenamente cada minuto!

2 comentários:

  1. Parabéns pela sua atitude.
    Também fico com o coração apertado de ver tanta maldade com quem só dá amor.
    Tenho 9 cachorros e todos abandonados por seus donos, alguns doentes, outros mamando ainda, todos SRD, o puro viralatas mesmo, e no meio desses acabei ganhando ou achando uma pit bull que cuida das tartarugas, da minha coelhinha da India e dos meus franguinhos, e ainda dizem que essa raça é ruim....não será ruim o dono?
    Um grande beijo e que Deus continue te (ou nos) abençoando sempre!
    celia minguini

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  2. Eles são lindos!!! Eu, que também tenho a casa cheia de cães e gatos tirados da rua, entendo sua preocupação e sua atitude. Fico feliz de saber que eles foram adotados!!! :)

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