sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Cybertúmulo


Na última viagem entre São Paulo e Araraquara, uma passageira, mãe de um menino de seis anos, saía do banheiro do ônibus , quando ouviu a seguinte pergunta do garoto:
-"Mãe, olha lá! É alí que o vô, pai do papai está! Não é, mãe?", apontando o dedo para o interior do cemitério de São Carlos, trajeto entre a estrada e o terminal rodoviário.
Não sei se a intenção dela era sentar-se logo ou não queria estender conversa sobre a curiosidade do filho, mas apressou-se em conduzi-lo pelo braço através do corredor: "Vem, filho", sem deixá-lo parar no corredor para esticar o olhar curioso sobre a última morada de todos nós.
Quando era criança e passava alguns dias na casa de uns primos, ficava intrigado ao ver que eles moravam próximos ao cemitério da Vila Mariana em São Paulo (SP).
À noite, da janela de um dos quartos, jurava que conseguia enxergar luzes piscando dos túmulos.
Velas deixadas acesas pelos últimos visitantes no final da tarde, muito provável fosse isso.
Mas na minha visão infantil, poderia ser alguém querendo me dizer algo.
Imagino o que aquele menino possa ter pensado naquele momento em que passamos ao lado do cemitério da capital da tecnologia. Cybertúmulo?

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