quarta-feira, 10 de março de 2010

Pirataria consentida

É incompreensível como a indústria fonográfica e de softwares lança produtos a preços aviltantes ao consumidor. Ao menos no Brasil.
No caso da música, vieram a pirataria em fita cassete, vinil [quem se lembra dos discos?], cds e dvds.
Por fim, a internet surgiu pra sepultar a sanha das grandes gravadoras, assim como o trabalho artístico de muita gente que possui qualidade, mas não tem sequer um meio caminho para mostrar seu potencial.
A divulgação de bandas conhecidas pelo público ainda conta com certo respaldo das gravadoras, porém ressabiadas em investir grandes somas na divulgação [leia-se 'jabaculê', dinheiro ou presentes negociados com emissoras de tv e rádio para promover determinados artistas].
O resultado é que um cd de ponta vai para as prateleiras custando em média, R$ 30 a R$40. A consequência imediata é a disseminação do trabalho livremente pelos downloads na internet.
Nem se fala mais no comércio de cds piratas. Dificilmente da rua Santa Ifigênia se encontra algum camelô que ainda se dedica aos cds piratas. Hoje a venda é centrada em controles remotos universais e dvds de jogos, hardware [cheguei a ver pendrive de 64 gb Kingstom à venda nessas bancas que ocupam toda a calçada, mas suspeitíssimo de fraude] e software.
Não surte efeito prático as ações das autoridades e associações de defesa dos direitos autorais. Apreende-se milhares de cópias piratas, os jornais mostram a destruição do material apreendido, mas esquecem que a cadeia de produção (China) e distribuição (China, de novo) em massa conta com uma organização melhor que as gravadoras.
Os programas de computador sofrem pirataria semelhante aos cds.
Quem acha normal desembolsar quase 700 reais por uma licença do sistema operacional do programa mais usado no mundo?
Ninguém em sã consciência. No Brasil o poder aquisitivo da população coloca o dono de um computador em uma encruzilhada: pagar as contas e comer ou comprar uma licença do programa?
Quando a primeira versão deste sistema operacional foi lançada, o 'esqueleto' foi recebendo melhorias e algumas novidades através dos anos.
Nada que justifique os valores absurdos cobrados com as demais versões.
Isso alimenta a pirataria e aquece a produção de programas validadores de licença.
Em outubro do ano passado, enquanto a imprensa fazia um carnaval planetário com o lançamento de uma nova versão de um sistema operacional, no mesmo dia era possível encontrar à venda cópias piratas do programa na Santa Ifigênia por 'dez real'.
Falta, em realidade, um concorrente à altura que desbancasse a petulância e ganância de alguns 'gênios' da inormática.
Algo parecido com a patente dos medicamentos, que se abre para os genéricos depois de alguns anos.

Afinal, tudo o que o homem faz, o outro vem e desfaz.

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