segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Travessia

Todos sonham. A lembrança quase total do que foi sonhado é o que intriga a neurociência.
Desde criança não apago da memória alguns deles.
Este, que já pode ter ocorrido com você, envolve muito cansaço físico e mental logo ao dormir: quando fomos a Brasília em 1979, depois de mais de 12 horas de viagem, o cansaço era evidente. Aos oito anos de idade, minha preocupação era, naquele momento, tomar banho e dormir.
O sonho veio: corria desesperadamente em uma mata fechada, fugindo não sei de quê, até cair em um buraco fundo.Pulei de susto ao acordar, ofegante. Não entendi isso até hoje.

Lugares de outrora
Quando o sonho te coloca em um lugar sem nunca ter estado e anos depois você visita uma cidade e rapidamente descobre que este era o local, o que dizer?
Isso ocorreu em Caldas Novas (GO), ano de 1988.
Meses antes havia sonhado entrar num quarto de hotel, chegar até à sacada e ver a rua.
Qual não foi minha estranheza ao chegarmos ao hotel e entrar num quarto idêntico ao do sonho?
A única diferença era que, no lugar da sacada, havia uma janela com a mesma vista que havia sonhado.

Repeteco
Outra situação é aquela que vivenciamos conversar com alguém e surge a sensação de haver conversado tudo aquilo anteriormente, sem mudar uma só palavra.

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Neste final de semana o lugar parecia ser Portugal, pelo menos a sugestão (não sei por quê) era essa. Nunca estive por lá. Lugar iluminado, cheio de jardins bem cuidados e pessoas desconhecidas. Tinha a sensação de uma viagem sem retorno. Era algo semelhante a um passeio, mas sem possibilidade de retorno.

Travessia
Nesta madrugada, por volta das 3h50, acordei sem compreender o que havia sonhado.
Não sei onde estava, mas era uma casa onde fui alvejado com dois tiros. Havia outra pessoa junto, mas que desapareceu do sonho com o desenrolar da história. Intrigante, no mínimo. Senti os dois disparos me atingirem. Não houve dor.
Desconheço os dois algozes, tampouco os motivos para tal agressão. Fato é que, segundos após, não respirava.
O que deveria ser sufocamento foi substituído por serenidade com a aproximação de algumas pessoas vestidas com roupas brancas leves. Entidades espirituais,  talvez.
Pediam para ficar calmo. Naquele momento não sabia quantos eram. Não estava nervoso, tampouco agitado. Só não assimilava aquilo tudo. Fiquei impassível.
Em seguida era transportado, boiando com a barriga para cima e braços abertos em um lago, canal ou represa, amparado por todas aquelas pessoas que fitavam apenas o horizonte e me guiavam pelas águas. Nada falavam.
À medida que o cortejo avançava, reconheci nas margens os rostos de muitos conhecidos, que me olhavam apenas .
O trajeto, até uma sala ampla e iluminada, foi agradável de ser percorrido, sem sobressaltos nas águas calmas.
Segundos depois estava deitado em um tablado na altura dos joelhos. Não sei como.
As pessoas que estavam nas margens começaram a entrar na sala e se posicionar ao meu redor.
Ao invés de desesperar, uma paz nunca antes experimentada me preenchia, ao som de melodias inebriantes, inimagináveis para o que sempre gostei de ouvir. Naquele instante conseguia fixar meu olhar e minha atenção no teto branco. Um exagero de branco.
Lembro-me que a Rosi deu um beijo em minha testa e se afastou, em tom de adeus.
Consegui, finalmente, olhar ao redor. Não havia tristeza no semblante de quem estava lá, mas um sorriso que transparecia agradecimento.
Novamente as pessoas de branco chegaram perto de mim, eram seis, três de cada lado.
Rostos serenos, novamente pediram que ficasse calmo.
Falaram algo para me levantar lentamente e iniciar a travessia.
Não conseguia fazer o que pediam, tarefa simples quando estamos acordados: levantar.
Naquele instante, decidi que precisava sair daquilo, que não era real, mas não conseguia emergir do sono em que estava mergulhado.
Sentia uma mistura daquele sonho intenso com minha vontade de despertar, sem consegui-lo.
Até que 'pulei' daquilo tudo.
Eram 3h50 desta madrugada.
Estou até agora recobrando as imagens desta noite.
Pudera existir uma máquina com eletrodos que fizesse  o 'download' disso tudo e mostrar para você. Enviar para análise, igual biópsia. Assim como todos outros sonhos.
Hoje à noite começo o sexto ciclo de Temodal.

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